Programa traz a cada edição um filme seguido de debate com um psicanalista convidado. A entrada é gratuita e acontece no Auditório MIS (172 lugares)
Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, é o primeiro filme que o MIS – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – exibe no Ciclo de Cinema e Psicanálise: mal-estar na civilização e formas contemporâneas de sofrimento, em 2020. O vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2019 ganha, no dia 4 de fevereiro, sessão seguida por debate com o crítico de cinema Inácio Araújo e o psicanalista Rodrigo Lage Leite. A diretora de Cultura e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), Luciana Saddi, mediará a conversa.
“Sobre as distopias, podemos dizer que visam mostrar não apenas um futuro em que sonhos se transformam em pesadelo, mas, principalmente, realçar os aspectos aterrorizantes do presente. A vida edílica num vilarejo idealizado, um lugar plácido, sem conflitos, de repente, é sobrepujada por invasores imorais. Ainda que o filme nos pareça um pouco maniqueísta, é impossível não pensar que, algumas vezes, a realidade também é”, comenta Luciana. “Em O mal-estar na Civilização, Freud (1929) afirmava que o progresso civilizatório e tecnológico exigia alto preço do indivíduo. Cobrava renunciar à agressividade e à sexualidade – como esforço necessário ao desenvolvimento civilizador. Por consequência, o homem se tornava refém do sentimento de culpa inconsciente e de constante mal-estar, ambos impeditivos da fruição da felicidade.”
O Ciclo de Cinema e Psicanálise, que acontece mensalmente no Museu, é uma parceria com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e apoio da Folha de S.Paulo. A sessão tem entrada gratuita e acontece às 19h no Auditório MIS (172 lugares) – retirada de ingresso com 1h de antecedência na recepção.
Sobre o filme
Bacurau (2019, dir. Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles, BRA, 2h10min, drama, suspende, digital) flerta com diversos gêneros do cinema, do suspense ao terror, passando pelo cinema B, o filme apresenta uma realidade distópica e personagens desconcertantes. Os moradores de um pequeno povoado do sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa, Domingas, Acácio, Plínio, Lunga e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
Sobre os convidados
Rodrigo Lage Leite é psicanalista membro associado da SBPSP e psiquiatra pelo IPQ/FMUSP.
Inácio Araújo é crítico de cinema da Folha de S.Paulo e escritor. É autor dos livros “Hitchcock, o mestre do medo” e “Cinema, mundo em movimento”, além de dois romances. Também trabalhou como montador, roteirista e assistente de direção.
Sobre o Ciclo de Cinema e Psicanálise
A cada edição o ciclo traz um filme em longa-metragem (ficcional ou documental) seguido de debate com um jornalista e um psicanalista convidado. Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. O ciclo pretende discutir, à luz da Psicanálise, algumas questões suscitadas por obras do cinema moderno e contemporâneo, e proporcionar também formas transdisciplinares de compreensão. O tema, que norteia os debates e a seleção dos filmes, surgiu a partir do ensaio O mal-estar na civilização (1929), escrito por Freud. Neste, o psicanalista afirmava que o progresso civilizatório e tecnológico cobrava elevado preço do indivíduo. Exigia renunciar à agressividade e à sexualidade – como esforço necessário ao desenvolvimento civilizador. Por consequência, o homem se tornava refém do sentimento de culpa inconsciente e de constante mal-estar, ambos impeditivos da fruição da felicidade.
O entrelaçamento entre expressões culturais, sofrimentos individuais, manifestações sociais e produções artísticas merece investigação dos psicanalistas. De quais maneiras o mal-estar e o sofrimento estão presentes no homem, nas artes e na sociedade neste início de século XXI?
s e r v i ç o
CICLO DE CINEMA E PSICANÁLISE | BACURAU
DATA 04.02.2020, terça-feira
HORÁRIO 19h
LOCAL Auditório MIS (172 lugares)
INGRESSO Gratuito. Ingressos distribuídos uma hora antes Recepção MIS
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
Museu da Imagem e do Som – MIS
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo| (11) 2117 4777 | www.mis-sp.org.br
Estacionamento conveniado: R$ 18
Acesso e elevador para cadeirantes. Ar condicionado.