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Jovem grava documentário sobre Moçambique durante intercâmbio do MOVE e é selecionada para participar de fórum da UNESCO

Miriam Momesso participou do programa por intermédio da Amigos do Guri e realizou projetos musicais com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social

A experiência do intercâmbio traz uma infinidade de conhecimentos e pode mudar a vida do participante definitivamente. Foi o que aconteceu com Miriam Momesso (foto), de 19 anos, que acaba de retornar de Moçambique, país no qual permaneceu pelo período de dez meses. A jovem, que regressou a Rio Claro, cidade do interior paulista onde vive sua família, se dedica à finalização de seu documentário sobre a cultura e o cenário musical do sudoeste do continente africano.

“Trabalhei em diversas iniciativas em Maputo, capital de Moçambique. Uma delas foi no Lounge, que é uma espécie de acampamento para meninas de até 12 anos, moradoras da comunidade. Uma vez por semana, levávamos instrumentos e dávamos aulas para essas jovens. A princípio, meu objetivo era mostrar as composições que elas desenvolviam, mas o projeto foi crescendo”, descreve Miriam Momesso.

Ex-aluna de guitarra do Projeto Guri, maior programa sociocultural brasileiro mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, Miriam participou do MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange) – programa de intercâmbio para músicos criado pela JM Norway, em parceria com a instituição musical Music Crossroads, do Malawi e de Moçambique, e promovido no Brasil pela Amigos do Guri (gestora do Projeto Guri).

Produção árdua
A ideia do documentário surgiu a partir de uma necessidade de trazer maior visibilidade ao trabalho realizado no Lounge. “A profissão de músico não é muito reconhecida na localidade e é associada a coisas negativas, como bebidas. Para a mulher, é ainda mais difícil já que elas, normalmente, são chefes de família. Então, quis apresentar a trajetória e as dificuldades encontradas por elas até se tornarem musicistas. Para isso, além das imagens e gravações das músicas, fiz entrevistas com as jovens e com a diretora de uma academia de música local”, acrescenta.

Toda a captação foi feita no último mês em que permaneceu no país. Detalhe: com equipamentos emprestados de outros intercambistas. “Eu não tinha os itens necessários. Foi muito desafiador porque eu produzia de acordo com o prazo que sobrava na agenda e contava com a disponibilidade das moradoras locais para as declarações. Alguns depoimentos precisei remarcar várias vezes para que acontecessem. Outros, infelizmente, não consegui realizar por conta do prazo”, recorda.

Contudo, mesmo com todos os percalços, Miriam conseguiu dar continuidade a sua proposta e pretende que o documentário sirva como uma forma de incentivo para outras mulheres. “Cada personagem tem uma história totalmente diferente da outra. Algumas precisaram sair da cidade que moravam e ir a Maputo para estudar música. Isso me mostrou que, se você quer algo, é preciso conquistar com muito trabalho e força de vontade”, diz.

Pós-produção
O documentário segue em processo de edição, ainda sem título definido, e deve ser lançado até 2020. Em decorrência da produção, Miriam Momesso foi selecionada para participar do Fórum de Mídia e Informação realizado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que acontece na Suécia, entre os dias 24 e 26 de setembro. “Vou apresentar um teaser desse trabalho durante o Fórum”, informa a jovem, acrescentando que a produção terá cerca de 40 minutos de duração. “Não quero fazer algo muito extenso para não ficar maçante para quem assiste. Quero que seja algo leve e fácil de compreender”, acrescenta.

Experiência em Moçambique e volta ao Brasil
Durante os dez meses em que permaneceu em Moçambique, a musicista conta que passou por algumas dificuldades, como o dialeto e a forma como eles enxergam as mulheres. “Esse é o tipo de experiência que muda muita coisa na vida de uma pessoa. Faz com que você tenha uma visão maior sobre o mundo, entenda as desigualdades e o motivo pelo qual as pessoas agem de determinadas formas”, compartilha.

Segundo a jovem, agora, além da finalização do material, ela pretende retomar as atividades na banda de hardcore na qual tocava antes do intercâmbio. “A música é uma arte e, quando você passa por uma experiência como essa, você se torna muito mais sensível. Agora, isso se reflete na música que produzo”, conclui.

Sobre o MOVE
O MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchage) é um programa de intercâmbio e voluntariado criado pela JM Norway, membro da JMI – Jeunesses Musicales International (associação sediada na Bélgica que reúne diversas organizações musicais em cerca de 70 países), em parceria com a instituição musical Music Crossroads, do Malawi e de Moçambique. O programa visa o desenvolvimento da prática musical internacional e troca de experiências.

Sobre o Projeto Guri
Mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, o Projeto Guri é o maior programa sociocultural brasileiro e oferece, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação musical, luteria, canto coral, tecnologia em música, instrumentos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas, sopros, teclados e percussão, para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos (até 21 anos nos Grupos de Referência e na Fundação CASA). Cerca de 50 mil alunos são atendidos por ano, em quase 400 polos de ensino, distribuídos por todo o estado de São Paulo. Os mais de 330 polos localizados no interior e litoral, incluindo os polos da Fundação CASA, são administrados pela Amigos do Guri, enquanto o controle dos polos da capital paulista e Grande São Paulo fica por conta de outra organização social. A gestão compartilhada do Projeto Guri atende a uma resolução da Secretaria que regulamenta parcerias entre o governo e pessoas jurídicas de direito privado para ações na área cultural. Desde seu início, em 1995, o Projeto já atendeu mais de 770 mil jovens na Grande São Paulo, interior e litoral.

Sobre a Amigos do Guri
Eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, a Amigos do Guri administra o Projeto Guri. Desde 2004, é responsável pela gestão do programa no litoral e no interior do estado de São Paulo, incluindo os polos da Fundação CASA. Além do Governo de São Paulo, a Amigos do Guri conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Amigos do Guri, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm incentivo fiscal da Lei Rouanet e do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Saiba como contribuir: www.projetoguri.org.br/faca-sua-doacao.

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