O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado, recebe a primeira visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré à cidade de São Paulo. A missa de acolhimento será celebrada na Catedral da Sé, em São Paulo, oficiada por D. Devair Araújo da Fonseca, com participação de Fafá de Belém, devota da Senhora de Nazaré. Após a celebração, a Imagem Peregrina será transferida para seu local de visitação –o Museu de Arte Sacra de São Paulo – onde fica abrigada para seu encontro com os visitantes por quatro dias – de 28 de junho a 01 de julho, retornando então à Belém.
Em sua chegada ao MAS/SP, a imagem será recepcionada pela Banda da Marinha do Brasil e conduzida ao local de exposição. Seu espaço foi concebido e executado por Osley José Viaro, com destaque para a Rosa de Ouro, criada pelo artista Paulo von Poser, onde as pessoas poderão colar “gotas” douradas e fazer seus pedidos à Santa. A Rosa de Ouro será levada a Belém como um presente de seus devotos.
A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré “aceitou” o convite para estar presente na capital paulista como convidada especial no lançamento do primeiro livro sobre sua Guarda e inaugurar a mostra “Guarda o Círio de Nazaré“. A exposição é composta por fotografias de Soraya Montanheiro, com curadoria de Juan Esteves, em que a artista retrata a liturgia, as peregrinações e toda estrutura que envolve o Círio, com enfoque para o trabalho da Guarda de Nossa Senhora de Nazaré. “São 2 mil voluntários, que acompanham a Imagem e trabalham por dias consecutivos durante os festejos. O objetivo do meu trabalho é o registro e pesquisa da atividade desses homens”, explica Soraya.
Nas palavras de Juan Esteves, autor dos textos que compõem o livro: “A Imagem Original da Nossa Senhora de Nazaré, também conhecida como Imagem Autêntica, está conectada a inúmeras narrativas. Ela desapareceu e retornou à casa do paraense Plácido várias vezes, até que ficou definitivamente em seu nicho na Basílica por volta de 1969, sendo então substituída nos eventos externos e viagens pela Imagem Peregrina. A original é de madeira, com 28 cm de altura, e carrega o Menino Jesus no colo. Na Basílica Santuário, a imagem fica em uma redoma de cristal no altar-mor, o Glória, entre anjos, nuvens e um esplendor de raios, um lugar confeccionado em mármore de Carrara em forma de anel. Ela é coberta por um manto canônico, trabalhado com fios e enfeites de ouro”.
O curador Juan Esteves informa que “a Imagem Peregrina foi esculpida na cidade de Ortisei norte da Itália, no fim do século XIX pelo escultor Vincenzo Giacomo Mussner. O artista teria esculpido a Imagem Peregrina deixando o rosto da santa com características amazônicas e do menino Jesus com traços indígenas, conforme recomendação do padre Brambilla. A imagem foi restaurada em 2002 por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)”.
História
Nossa Senhora de Nazaré surge de uma antiga tradição cristã do primeiro século, que conta que o próprio São José esculpiu uma imagem de Maria em madeira, em Nazaré na Galiléia e que São Lucas Evangelista a pintou. Mais tarde, a imagem foi levada para o mosteiro de Cauliniana, na Espanha. Depois, já no século VI, no ano de 711, foi levada para Portugal.
Com a invasão dos Mouros em Portugal, o rei Rodrigo, último rei visigodo da Península Ibérica, fugiu acompanhado por Frei Romano, levando as relíquias de São Brás, São Bartolomeu e a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Antes de morrer, Frei Romano escondeu a imagem em uma gruta. A imagem ficou ali por mais de 400 anos. Ela foi descoberta em 1182, por pastores da região. Por sua simplicidade, beleza e diferença dos padrões das imagens, Nossa Senhora de Nazaré voltou a ser venerada.
No Brasil
No dia 8 de setembro do ano de 1630, após uma grande tempestade, um pescador saiu para ver suas redes no mar de Saquarema. Ao passar diante de um morro, onde hoje está erguida a Igreja Matriz dedicada a Nossa Senhora de Nazaré, viu uma forte luz e foi verificar o que era. No local do brilho, ele encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré.
Levou a imagem para sua casa na vila, reuniu todos os pescadores, fizeram orações e foram dormir. No dia seguinte, a imagem reapareceu no local onde havia sido encontrada. Isso aconteceu por duas vezes. Todos entenderam que era para construir uma capela naquele local. Muitos milagres aconteceram a partir de então e a capela ficou pequena, sendo necessário construir uma igreja bem maior. Sua festa é celebrada no dia 8 de setembro.
O Círio de Nazaré em Belém do Pará
Círio, cereus, é uma palavra que significa vela grande. A devoção à Senhora de Nazaré foi levada para Belém do Pará pelos padres Jesuítas há mais de 200 anos e se tornou a grande festa católica dedicada à Mãe de Jesus. A festa ocorre desde 1793, e hoje, conta com a participação de milhões de pessoas, celebrada no segundo domingo de outubro. Uma grande procissão com todos levando velas sai da Catedral de Belém e faz o translado da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré para a Praça Santuário onde está a Basílica de Nazaré, em um percurso de 5 quilômetros.
Fazendo parte dos elementos que compõem o Círio de Nazaré, a Basílica integra o conjunto declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco) ocorrido em 2013. Desde quando a Imagem Original (encontrada em 1700 por Plácido) foi entronizada no glória (1926) outra imagem, pertencente ao Colégio Gentil Bittencourt, passou a substituí-la nas romarias até 1969, quando foi confeccionada a Imagem Peregrina.