Miriam Momesso fez documentário sobre Moçambique durante intercâmbio e foi selecionada para participar de fórum da UNESCO
A experiência do intercâmbio traz uma infinidade de conhecimentos e pode mudar a vida do participante definitivamente. Foi o que aconteceu com Miriam Momesso, de 19 anos. Entre 2018 e 2019 ela permaneceu no Moçambique pelo período de dez meses. Após a vivência no país, a jovem estudante de Rio Claro, cidade do interior paulista, desenvolveu um documentário sobre a cultura e o cenário musical do sudoeste do continente africano.
“Trabalhei em diversas iniciativas em Maputo, capital de Moçambique. Uma delas foi no Lounge, que é uma espécie de acampamento para meninas de até 12 anos, moradoras da comunidade. Uma vez por semana, levávamos instrumentos e dávamos aulas para essas jovens. A princípio, meu objetivo era mostrar as composições que elas desenvolviam, mas o projeto foi crescendo”, descreve Miriam Momesso.
Ex-aluna de guitarra do Projeto Guri, maior programa sociocultural brasileiro, mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, Miriam participou do MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange) – programa de intercâmbio para músicos criado pela JM Norway, em parceria com a instituição musical Music Crossroads, do Malawi e de Moçambique, e promovido no Brasil pela Sustenidos (gestora do Projeto Guri).
Produção árdua
A ideia do documentário surgiu a partir de uma necessidade de trazer maior visibilidade ao trabalho realizado no Lounge. “A profissão de músico não é muito reconhecida na região e é associada a coisas negativas, como bebidas. Para a mulher, é ainda mais difícil já que elas, normalmente, são chefes de família. Então, quis apresentar a trajetória e as dificuldades encontradas por elas até se tornarem musicistas. Para isso, além das imagens e gravações das músicas, fiz entrevistas com as jovens e com a diretora de uma academia de música local”, acrescenta.
Miriam explica que toda a captação foi feita no último mês em que permaneceu no país. Detalhe: com equipamentos emprestados de outros intercambistas. “Eu não tinha os itens necessários. Foi muito desafiador porque eu produzia de acordo com o prazo que sobrava na agenda e contava com a disponibilidade das moradoras locais para as declarações. Alguns depoimentos precisei remarcar várias vezes para que acontecessem. Outros, infelizmente, não consegui realizar por conta do prazo”, recorda.
Mesmo com todos os percalços, Miriam conseguiu dar continuidade a sua proposta. Seu objetivo, com o documentário, é que ele sirva como ferramenta de incentivo para outras mulheres. “Cada personagem tem uma história totalmente diferente da outra. Algumas precisaram sair da cidade que moram e ir a Maputo para estudar música. Isso me mostrou que, se você quer algo, é preciso conquistar com muito trabalho e força de vontade”, diz.
Produção
Em decorrência da produção, Miriam foi selecionada para participar do Fórum de Mídia e Informação realizado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que aconteceu na Suécia, entre os dias 24 e 26 de setembro de 2019. Na ocasião, participou de diversas palestras e fez uma pequena apresentação, tocando guitarra, no fechamento do Youth Agenda Forum, que encerrou a Global MIL Week.
O documentário, que segue ainda com o título não revelado, já está concluído e deve ser lançado neste ano. “Planejo um lançamento virtual, mas ainda não tenho data definida. O material não é muito extenso, pois não quis deixar maçante para quem assistisse. Quis deixá-lo mais leve para facilitar a compreensão”, informa.
Experiência em Moçambique e volta ao Brasil
Durante os dez meses em que permaneceu em Moçambique, a musicista conta que passou por algumas dificuldades, como o dialeto e a forma como eles enxergam as mulheres. “Esse é o tipo de experiência que muda muita coisa na vida de uma pessoa. Faz com que você tenha uma visão ampla sobre o mundo, que entenda as desigualdades e o motivo pelo qual as pessoas agem de determinadas formas”, compartilha. “A música é uma arte e, quando você passa por uma experiência como essa, você se torna muito mais sensível. Agora, isso se reflete na música que produzo”, conclui Miriam.
Do Guri para o Mundo
A série Do Guri para o Mundo foi criada para retratar o caminho trilhando pelos Guris: quem são, onde estão e o que mudou na vida deles. São histórias inspiradoras que celebram os 25 anos do Projeto Guri e prestam homenagem aos mais de 810 mil ex-alunos beneficiados pelo programa e, consequentemente, pelo poder de transformação da música. A cada semana, a série destaca um personagem nas redes sociais do Projeto Guri e na Sustenidos – organização que administra o programa. Projeto Guri www.projetoguri.org.br
Patrocinadores e apoiadores do Projeto Guri – Sustenidos: CTG Brasil; CCR AutoBAn; Instituto CCR; SulAmérica; VISA; Bayer; WestRock; Microsoft; Supermercados Tauste; Banco Votorantim; VALGROUP; Novelis; EMS; Capuani do Brasil; Faber-Castell; Pinheiro Neto; Santander; Raízen; BTP; Distribuidora Ikeda; Grupo Maringá; Instituto 3M; Supermercados Rondon; Frigol; Mercedes-Benz; Castelo Alimentos; ENEL; GRUPO GR; Cipatex; Grupo Herval e Pirelli.
Sobre o Projeto Guri
Mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, o Projeto Guri é o maior programa sociocultural brasileiro e oferece, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação musical, luteria, canto coral, tecnologia em música, instrumentos de cordas dedilhadas, cordas friccionadas, sopros, teclados e percussão, para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos (até 21 anos nos Grupos de Referência e na Fundação CASA). Cerca de 50 mil alunos são atendidos por ano, em quase 400 polos de ensino, distribuídos por todo o estado de São Paulo. Os mais de 330 polos localizados no interior e litoral, incluindo os polos da Fundação CASA, são administrados pela Sustenidos, enquanto o controle dos polos da capital paulista e Grande São Paulo fica por conta de outra organização social. A gestão compartilhada do Projeto Guri atende a uma resolução da Secretaria que regulamenta parcerias entre o governo e pessoas jurídicas de direito privado para ações na área cultural. Desde seu início, em 1995, o Projeto já atendeu mais de 810 mil jovens na Grande São Paulo, interior e litoral.
Sobre a Sustenidos
Eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, a Sustenidos administra o Projeto Guri. Desde 2004, é responsável pela gestão do programa no litoral e no interior do estado de São Paulo, incluindo os polos da Fundação CASA. Além do Governo de São Paulo, a Sustenidos conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Sustenidos, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm incentivo fiscal da Lei Rouanet e do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Saiba como contribuir: https://www.sustenidos.org.br/pessoa-fisica/.