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MIS debate o “O oficial e o espião”, novo filme de Roman Polanski

Conversa acontece no dia 1º de dezembro, terça-feira, dentro da programação do #MISemCasa. O Ciclo de Cinema e Psicanálise é uma parceria entre o Museu da Imagem e do Som, a SBPSP e Folha de S.Paulo

Na terça-feira, dia 1º de dezembro, o Ciclo de Cinema e Psicanálise (programa realizado em parceria com a Sociedade Brasileira de Psicanálise e a Folha de S.Paulo), que a cada edição traz um filme seguido de debate com um jornalista cultural e um psicanalista convidado, irá abordar o longa O oficial e o espião (J’accuse, dir. Roman Polanski, França/ Itália, 2019, 132 min, 14 anos). O filme será debatido pelo psicanalista da SBPSP David Leo Levisky e pelo rabino Michel Schlesinger. A mediação é de Luciana Saddi, coordenadora de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da SBPSP.

O filme ganhou o Prêmio Especial do Júri do Festival de Veneza em 2019, além de vencer três categorias do César – Melhor Adaptação, Figurino e Direção –, principal premiação do cinema francês. O bate-papo acontece ao vivo, às 20h, no canal do MIS – Museu da Imagem e do Som, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – no Youtube. O #MISemCasa acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, desenvolvido pela Secretaria de Cultura.

O MIS conta com patrocínio máster de Youse, patrocínio de Kapitalo Investimentos, Denso e Cielo, e apoio institucional de TozziniFreire Advogados.

 

Sobre o filme – O oficial e o espião

(disponível no Looke e na Apple iTunes)

Paris, final do século 19. O capitão francês Alfred Dreyfus (Louis Garrel) é um dos poucos judeus que faz parte do exército. No dia 22 de dezembro de 1884, seus inimigos alcançam seu objetivo: conseguem fazer com que Dreyfus seja acusado de alta traição. Pelo crime, julgado a portas fechadas, o capitão é sentenciado à prisão perpétua no exílio. Intrigado com a evolução do caso, o investigador Picquart (Jean Dujardin) decide seguir as pistas para desvendar o mistério por trás da condenação de Dreyfus.

“No final do século 19, o capitão francês Alfred Dreyfus, um dos poucos judeus do exército, é acusado de alta traição. No julgamento, é sentenciado à prisão perpétua no exílio. O investigador Picquart, antissemita assumido, não convencido da lisura do julgamento, investiga os determinantes da condenação de Dreyfus. Conceitos como “honra militar” ou “orgulho nacional” são deturpados e usados como pretextos para injustiça abominável e condenação de um inocente. Imagens secas e claustrofóbicas retratam a severidade e rigidez militar. Regime centrado na obediência e hierarquia. Polanski, assim como Dreyfus, sentiu na pele o antissemitismo tendo passado a infância durante o Holocausto, no gueto de Cracóvia. Habitou casas de estranhos sob identidade falsa. Sofreu acusações injustas quando apontado como responsável indireto pela morte de sua mulher, Sharon Tate. Também esteve no centro de controverso processo judicial nos Estados Unidos como réu de um estupro. Vítima de um sistema adulterado, com falsos testemunhos, juízes parciais, perjúrio, cárcere, o cineasta experimentou o que é viver num mundo inseguro, paranóico, cínico e kafkiano.

A narrativa se foca em Picquart, o coronel que revelou a verdade e rejeitou a conivência com a estratégia racista e nacionalista do exército. Representa, portanto, o sentido de dever e obediência ao comportamento ético. Encarna a honra, valor típico do século XIX, que só resiste se for conjugada à verdade. Assim como o investigador Picquart, o psicanalista é aquele que procura conhecer as artimanhas da consciência, e espera por pequenas fissuras na narrativa para expor a verdade do inconsciente. Mas, para além da metáfora detetivesca, o psicanalista sabe que o arcaico convive ao lado do moderno e contemporâneo. O pensamento animista se faz presente na necessidade de um bode expiatório. A projeção, mecanismo de defesa identificado por Freud, está intrinsecamente ligada aos preconceitos e intolerâncias. Os processos de identificação infantil com o “Eu ideal” são observados na manipulação das massas por líderes tirânicos e carismáticos. O pensamento mágico é mais fácil do que o científico. A mentira é sempre animada por alguma conveniência, usada por medo e por interesses escusos. Já a verdade necessita de luta, de esforço para suplantar certa resistência e emergir. É sempre parcial e não traz muito conforto. No interior de cada homem, a luta entre civilização e barbárie é reeditada. A justiça é ganho civilizatório dos mais importantes. Quando ofendida, não apenas um homem é injustiçado, como toda a civilização se enfraquece”, comenta a Luciana Saddi.

 

Debatedores:

David Leo Levisky – Analista didata (SBPSP) com especialização nas áreas da infância e adolescência. Psiquiatra. PhD em História Social (USP). Membro fundador da Associação Brasileira de Psicanálise de Casal e Família. Membro efetivo da Associação Internacional de Psicanálise de Casal e Família. Foi editor da Revista Brasileira de Psicanálise. Coordenou o projeto social “Abrace seu bairro”. Livros publicados: Dicionário de psicanálise de casal e família (Org. no prelo Ed. Blucher); A vida?… é logo ali (Ed. Blucher); Entre elos perdidos (Ed. Imago); Um monge no divã (Casa do Psicólogo e Lumen); Adolescência e violência i, ii, iii (Casa do Psicólogo); Adolescência – reflexões psicanalíticas (Casa do psicólogo, Ed. Zagodoni e Lumen).

Michel Schlesinger – rabino que integra o rabinato Congregação Israelita Paulista desde 2005. É bacharel em Direito pela USP e também representante da Confederação Israelita do Brasil para o diálogo inter-religioso.

Mediação: Luciana Saddi – Coordenadora de Cinema e Psicanálise da Diretoria de Cultura e Comunidade da SBPSP

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