Iniciada em 2017, a parceria contribui com a preservação e a extroversão do patrimônio, da memória e da cultura do Quilombo São Pedro
No dia 24 de junho, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura a exposição “Roça é Vida”, resultado de um processo de curadoria compartilhada com a Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro que, partindo do Sistema Agrícola Tradicional Quilombola, reconhecido como Patrimônio Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, apresenta destaques da vida dos quilombolas da comunidade Quilombo São Pedro, do município de Eldorado – SP, no Vale do Ribeira, região considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
Inspirada nos livros “Roça é Vida” (2020) e “Na companhia de Dona Fartura: uma história sobre cultura alimentar quilombola” (2022), propostos, escritos e ilustrados por pesquisadores e educadores quilombolas e aquilombados do território, a exposição é composta pelos originais e ampliações das aquarelas que ilustram os livros, fotografias, objetos de uso cotidiano, objetos da coleção da Associação, poesia, sementes crioulas e um vídeo produzido especialmente para a mostra.
Iniciada em 2017, a parceria entre a Associação Museu Afro Brasil e a Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro integra as ações do Programa Conexões Museus SP, do Sistema Estadual de Museus de São Paulo – SISEM-SP, e visa contribuir com a preservação e a extroversão do patrimônio, da memória e da cultura do Quilombo São Pedro, a partir da oferta de conteúdos e experiências com procedimentos museológicos e de produção cultural.
Serviço
Exposição “Roça é Vida”
Abertura: 24 de junho de 2023, às 14h
Período: De 24 de junho a 24 de setembro de 2023
De terça a domingo, das 10h às 17h
Local: Museu Afro Brasil Emanoel Araujo | Parque Ibirapuera, Portão 10
Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n – Vila Mariana, São Paulo – SP
Sobre o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo
O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo administrada pela Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura. Inaugurado em 2004, a partir da coleção particular do seu diretor curador, Emanoel Araujo (1940-2022), o museu é um espaço de história, memória e arte.
Localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do mais famoso parque de São Paulo, o Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo conserva, em cerca de 12 mil m2, um acervo museológico com mais de 9 mil obras, apresentando diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiro e abordando temas como religiosidade, arte e história, a partir das contribuições da população negra para a construção da sociedade brasileira e da cultura nacional. O museu exibe parte deste acervo na exposição de longa duração e realiza exposições temporárias, atividades educativas, além de uma ampla programação cultural.
Sobre o Quilombo São Pedro
O Quilombo São Pedro compreende uma área de 4.692 hectares do município de Eldorado, no Vale do Ribeira, região paulista que possui a maior concentração de mata atlântica do Brasil e que desde 1999 é considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO. O território abriga 56 famílias e, para além da biodiversidade, possui residências em alvenaria, sede da Associação Quilombo São Pedro, roças de coivara, horta comunitária, rios e nascentes , casas de taipa, casa de farinha em taipa, campo de futebol de várzea, capela, bar e coleção de objetos. Avizinha-se aos quilombos Ivaporunduva, Galvão, Pedro Cubas, Pedro Cubas de Cima e ao Parque Estadual Intervales.
Para além da preservação do Sistema Agrícola Tradicional Quilomboa – SATQ, reconhecido em 2018 como Patrimônio Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, os quilombolas organizam festividades, rodas de memórias sobre as lutas e a conquista do direito às terras, se destacam pela formação universitária, de seus jovens e adultos, e pelo engajamento em instituições, movimentos, projetos e eventos como o Coletivo Mulheres Quilombolas na Luta, a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos – CONAQ, a Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira – Cooperquivale, a Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras – EAACONE, o Fórum dos Povos e Comunidades Tradicionais do Vale do Ribeira, o Grupo Cultural Puxirão Bernardo Furquim, o Movimento dos Ameaçados por Barragem – MOAB, o GT da Roça, a Feira de Troca de Sementes e Mudas Tradicionais das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, no município de Eldorado – SP, e o projeto “Do quilombo para a favela” que, no período de isolamento da covid-19, foi alternativa para o escoamento dos produtos agrícolas orgânicos objetivando menor impacto na economia das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, diante o fim da venda dos produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, do Ministério da Educação.