Concentrado nas tradições afro-brasileiras, o Ciclo reúne mestras e agentes culturais mulheres que protagonizam ações e atividades pela região, além da apresentação da Lia de Itamaracá
Preservação, renovação e expansão dos saberes das culturas tradicionais. Esse é o lema e prática do Ciclo de Cultura Tradicional que, nesta edição, une-se ao 8º Festival Curau e ao XI Fórum das Tradições Populares de Piracicaba, dia 14 de setembro, sábado. Com início às 14h30, na Casa do Hip Hop da cidade, o tema central é tradições afro-brasileiras.
Realizado pelas Oficinas Culturais – programa gerenciado pela Poiesis e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – o Ciclo de Cultura Tradicional é gratuito e não é por meio de inscrição. Basta o público interessado chegar para assistir e participar.
Marta Joana e Mayra Kristina, ao lado de outras pesquisadoras e agentes culturais especializadas em tradições afro-brasileiras com recorte de gênero, formarão uma mesa de conversa sobre a liderança das mulheres na cultura popular. A diversidade também estará presente nas manifestações musicais e de dança, como o samba de lenço, umbigada e jongo.
O público ainda terá a oportunidade de assistir ao show da pernambucana Lia de Itamaracá, expoente da ciranda e da música negra. Além de ser Patrimônio Vivo de Pernambuco, a cirandeira de 75 anos recebeu, neste mês de agosto, o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por dedicar sua vida ao desenvolvimento da educação e cultura local.
Realizado desde 2014, o Ciclo de Cultura Tradicional já passou pelas regiões de Araçatuba, Botucatu, Cubatão, Franca, Ibirá, Jacareí, Mongaguá, Pereira Barreto, Piacatu, Praia Grande, Santos, São José dos Campos, São Carlos, São Paulo, Sorocaba, Tupã e Ubatuba. Agora, em Piracicaba, o evento conta com a correalização da Associação Pró-Cultura de Piracicaba e parceria do Sesc, Casa do Hip Hop e Prefeitura Municipal de Piracicaba, por meio da Secretaria da Ação Cultural e Turismo.
A seguir, a agenda completa do Ciclo de Cultura Tradicional: Tradições afro-brasileiras:
14h30 – 16h30 | Conversa: Liderança das mulheres pretas na cultura popular
Marta Joana, Vanessa Dias, Rosa Pires, Ediana Arruda, Baby Amorim, Deh Martins
Mediação: Mayra Kristina
Nos últimos anos, parte significativa dos grupos da cultura popular paulista passou a ter mulheres pretas como representantes. Neste bate-papo, as mestras e lideranças convidadas se encontram para compartilhar experiências e refletir sobre os desafios da manutenção de suas manifestações. Outro aspecto a ser debatido é a forma de como o rompimento com o machismo repercute nas tradições.
16h30 | Apresentação: Samba de lenço de Piracicaba “Mestre Antônio Carlos Ferraz”
O grupo apresenta o ritmo e a dança tradicional paulista do Samba de Lenço. Coordenada por Ediana Arruda, neta do Seu Antônio Carlos, a dança é composta por duas fileiras, uma de homens e a outra de mulheres que trazem consigo um lenço usado para convidar o par para a dança.
17h15 | Apresentação: Jongo Dito Ribeiro
Batizada com nome em homenagem ao saudoso Benedito Ribeiro, avô de Alessandra Ribeiro, a Comunidade, em atividade há mais de 15 anos, reúne pessoas de diferentes idades, origens sociais, raças, profissões e locais. O Jongo Dito Ribeiro integra a Rede de Memória do Jongo e do Caxambu, além de carregar o certificado de Patrimônio Cultural do Brasil.
18h | Apresentação: Batuque de Umbigada
Batuqueiros da região de Piracicaba se reúnem para tocar e convidam o público para dançar. O Batuque de Umbigada tem origem no estilo de batuques africanos, especialmente da macrorregião Bantu, e é praticado há séculos no Brasil, na região do Médio Tietê.
18h45 | Apresentação: Samba de Bumbo “Nestão Estevam”
O Samba de Bumbo, também conhecido como Samba Rural, traz batuques, danças e cantorias de autenticidade e identidade negra. Manifestação afro-brasileira caipira típica do Estado de São Paulo, possui grande expressividade em Campinas. Antes coordenado pelo mestre e herdeiro da tradição, Alceu José Estevam, atualmente, o grupo é liderado pelas mestras Ernestina Estevam, filha de Mestre Nestão, e Rosa Pires, viúva de Mestre Alceu.
20h | Apresentação: Lia de Itamaracá
Ícone da cultura brasileira e Patrimônio Vivo de Pernambuco, Lia de Itamaracá é luta e resistência. Acompanhada por seu grupo completo, composto por nove músicos pernambucanos, a rainha da ciranda evoca santos católicos e orixás, celebrando uma negritude cuja ancestralidade africana materna é do povo Djola, da Guiné-Bissau.
Saiba mais sobre as participantes:
Baby Amorim – produtora cultural e coordenadora de projetos da instituição Ilú Obá De Min Educação, Cultura e Arte Negra. Desde 2004, integra o Bloco Afro Ilú Obá De Min e idealizou o projeto “#QueBatuqueéeste?”, cujo objetivo é abordar o autocuidado e o cuidado com mulheres ativistas, além de abrir espaço para o debate sobre arte e gênero.
Deh Martins – cantora, musicista e integrante do batuque de umbigada Casa de Batuqueiro de Piracicaba. Em espaços piracicabanos, como o Centro Social de Assistência e Cultura São José, realiza trabalhos socioeducativos de musicalização.
Ediana Arruda – coordenadora do Grupo de Samba de Lenço de Piracicaba e neta do Mestre Antônio Carlos Ferraz, manteve a tradição dentro de sua família. Além de liderar o grupo, realiza o Arraiá do Mestre Tonho e ministra atividades formativas sobre o samba de lenço.
Mayra Kristina – agente cultural independente e uma das coordenadoras do Festival Curau. Atua na zona oeste de Piracicaba e promove, nas periferias da cidade junto aos moradores dessas regiões, diversas ações culturais.
Marta Joana – coordena o grupo de Batuque de Umbigada de Capivari. Em sua residência, abriga o ponto de cultura “Quintal da Dona Marta – Quilombo do Batuque”, espaço tradicional que passou por reestruturação recente a fim de receber ações de formação e difusão da cultura popular preta.
Rosa Pires – formada em Pedagogia e pós-graduada em Psicopedagogia, com extensão em Museografia, é detentora, mestra e guardiã do Samba de Bumbo Campineiro “Nestão Estevam”.
Vanessa Dias – pós-graduanda em Matriz Africana, é jongueira da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, membra do coletivo gestor da Casa de Cultura Fazenda Roseira, umbandista e uma das mobilizadoras do Coletivo da Juventude de Terreiro RMC.
SERVIÇO:
Ciclo de Cultura Tradicional – Tradições afro-brasileiras
14/9, sábado, 14h30 às 21h
Local: Casa do Hip Hop de Piracicaba
Rua Jaçanã Altair Pereira Guerrine, 188 – Higienópolis, Piracicaba – SP
Livre e grátis
SOBRE AS OFICINAS CULTURAIS
Oficinas Culturais é um programa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, que atua, desde 1986, na formação e na vivência da população no campo de cultura, em diversas áreas como: artes plásticas, música, dança, fotografia, moda, performance, processos gráficos e teatro. O Programa é administrado pela organização social Poiesis- Organização Social de Cultura.
Hoje, além de três unidades localizadas na capital, Oficinas Culturais dialoga com o interior por meio de dois festivais (MIA – Festival de Música Instrumental e o FLI – Festival Literário de Iguape), ciclos de estudos sobre gestão cultural e cultura tradicional, qualificação artística de 60 grupos, entre teatro e dança, e ações dedicadas à pesquisa e à experimentação nas diversas linguagens artísticas, a partir da relação direta com 360 municípios, em mais de 600 atividades de formação. Conheça melhor o programa e suas atividades em www.oficinasculturais.org.br
SOBRE A POIESIS
A Poiesis – é uma Organização Social de Cultura que desenvolve e gere programas e projetos, além de pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais, voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.