No dia 2 de agosto estreia a montagem de L’Italiana in Algeri, de Gioachino Rossini, com direção cênica de Livia Sabag, e direção musical de Valentina Peleggi, que comanda a Orquestra do Theatro São Pedro. Terceiro título do ano com protagonista feminina, a produção destaca a força de uma mulher emancipada em frente a um governante machista e obtuso
O Theatro São Pedro, instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado sob a gestão da Santa Marcelina Cultura, estreia no dia 2 de agosto sua terceira produção de ópera do ano: L’Italiana in Algeri, de Gioachino Rossini (1792-1868). A montagem tem direção cênica de Livia Sabag e direção musical de Valentina Peleggi, que comanda a Orquestra do Theatro São Pedro. Fábio Namatame assina os figurinos, Daniela Gogoni a cenografia, e Wagner Antônio a iluminação. São ao todo cinco récitas, com apresentações também nos dias 4, 7, 9 e 11 de agosto. Os ingressos variam de R$ 80 a R$ 30, e já estão à venda na bilheteria do teatro ou pelo site theatrosaopedro.byinti.com.
Dividida em dois atos e com libreto de Angelo Anelli, L’Italiana in Algeri foi escrita em apenas 27 dias, e teve sua estreia em 1813, quando Gioachino Rossini tinha 21 anos de idade. Sucesso imediato, o título traz a marca de Rossini, com uma música elegante, enérgica e divertida – além de uma trama que a torna atual, mesmo com mais de 100 anos de história.
Foi essa atemporalidade que encantou a diretora Livia Sabag. Segundo ela, os critérios que selecionam quais peças devem entrar ou não no cânone da música são muitas vezes políticos – o que explica a relativa ausência de compositoras mulheres em palcos de ópera e casas de concerto. Há, no entanto, peças que são selecionadas por sua qualidade, como é o caso de L’Italiana in Algeri. “Ela tem uma atemporalidade, uma qualidade universal que faz com que tenha muito a dizer sobre muitos lugares”, diz Sabag. E é isso que torna a ópera um título relevante ainda hoje.
Com um enredo que subverte a lógica tradicional da ópera, L’Italiana in Algeri conta a história da jovem Isabella, que liberta seu amante Lindoro das garras do tirano bei Mustafá, valendo-se de sua astúcia e charme.
A partitura é repleta de árias virtuosas – “Pensa ala pátria” contribuiu para o grande sucesso da ópera – e ensembles sofisticados, e com muito humor. Para encarar este desafio, um elenco formado pela mezzo-soprano Ana Lucia Benedetti (Isabella), amante e salvadora de Lindoro, interpretado pelo tenor Anibal Mancini. Ele, é um escravo italiano de Mustafá, o bei de Argel, aqui representado por Stephen Bronk. Sua dupla será a soprano Ludmilla Bauerfeldt, como sua esposa Elvira. Os barítonos Douglas Hann e Rodolfo Giugliani assumem, respectivamente, Taddeo, o idoso pretendente de Isabella, e o capitão Haly, dos corsários do bei.
Para a montagem, a diretora quis aproximar a trama do nosso tempo e de nossa realidade. Em vez de situar a ópera em um suntuoso palácio de um soberano argelino, as paisagens que serão retratadas no palco do Theatro São Pedro lembram uma Argélia fantasiada, onde o mundo mediterrâneo encontra o litoral brasileiro. E Musfatá, originalmente bei de Argel, torna-se um governante obscuro, dono de um poder paralelo, que se origina de seu trabalho às margens da lei como contrabandista. Isabella, a italiana que procura seu amante, é uma mulher independente que se destaca como uma força não-conformista em um mundo machista, masculino e envelhecido.
Regente titular do Coro da Osesp, Valentina Peleggi é atualmente beneficiária da bolsa de regência Charles Mackerras, da Ópera Nacional Inglesa (ENO), e atua à frente da Orquestra do Theatro São Pedro pelo segundo ano seguido – em 2018 ela foi a diretora musical de O Matrimônio Secreto, de Domenico Cimarosa. À época, foi saudada pela crítica como “o triunfo maior” da realização musical do espetáculo.
Sobre a atual produção de L’Italiana in Algeri, a maestrina reflete sobre o próprio papel da ópera como uma arena de debate na atualidade. ““A obra fala sobre protagonismo, sobre o lugar da mulher, sobre o papel do estrangeiro. É um comentário sobre a sociedade. E o equilíbrio que buscamos na ópera, entre orquestra, cantores, cena e música, é o mesmo equilíbrio que devemos buscar em sociedade. Os músicos, cantores, assistentes de palco, técnicos, cada um sua parte, e o resultado final depende do trabalho de todos, igualmente”, afirma Valentina Peleggi.
A montagem de L’Italiana in Algeri conta com o patrocínio da Sabesp, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A empresa é patrocinadora ouro do espetáculo – o segundo que ela apoia na temporada 2019; o primeiro foi a estreia brasileira de O Caso Makropulos, de Leoš Janáček, em junho.
SERVIÇO
L’Italiana in Algeri (1813) de Gioachino Rossini (1792-1868)
Com Orquestra do Theatro São Pedro
Valentina Peleggi, direção musical
Livia Sabag, direção cênica
Daniela Gogoni, cenografia
Fábio Namatame, figurino
Wagner Antônio, Iluminação
ELENCO
Ana Lucia Benedetti | Isabella
Stephen Bronk | Mustafá
Anibal Mancini | Lindoro
Ludmilla Bauerfeldt | Elvira
Rodolfo Giugliani | Haly
Catarina Taira | Zulma
Douglas Hann | Taddeo
Ensaio geral: dia 31* de julho (19h)
Récitas: 2, 4, 7, 9 e 11 de agosto
Horários: 20h, exceto domingo, às 17h
Local: Theatro São Pedro
Endereço: Rua Barra Funda, 161 – Barra Funda, São Paulo/SP
Ingressos: R$ 30,00 a R$ 80,00
Plateia central: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia)
1º Balcão: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)
2º Balcão: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)
Vendas: bilheteria e internet theatrosaopedro.byinti.com
Formas de pagamento: Dinheiro e Cartões de Débito e Crédito
Classificação indicativa: 12 anos
Capacidade: 636 lugares
Acessibilidade: Sim
*No dia 31 de julho acontece o ensaio geral aberto ao público