Pela primeira vez em São Paulo, o Ciclo de Cultura Tradicional encerra 2019 comestreia de documentários na Associação Cultural Cachuera!
Sueli Carneiro é uma das especialistas das mesas de bate-papo após exibições audiovisuais voltadas à cultura indígena, negra, caiçara, caipira e à diversidade religiosa
Após alcançar um público com cerca de 3 mil pessoas em 2019, o Ciclo de Cultura Tradicional ocorre pela primeira vez na cidade de São Paulo, nos dias 13 e 14 de dezembro, na Associação Cultural Cachuera!, no bairro Perdizes. Dessa vez, o projeto do programa Oficinas Culturaisé centrado em uma mostra de cinco documentários de curta-metragem produzidos por realizadores audiovisuais. Esses participaram das edições do Ciclo, ao longo do ano, aplicadas nas cidades de Braúna, Cananéia, Itapetininga, Piracicaba e Ubatuba. Toda a programação é gratuita e de classificação livre.
Neste ano, o projeto trouxe os realizadores audiovisuais AdemilsonKikitoConcianza e Gilmar KiripukuGalache (ASCURI – Associação Cultural de Realizadores Indígenas), Cleber Rocha Chiquinho (Ponto de Cultura “Caiçaras”), Coletivo Pujança (Camila Izidio, Carol Rocha e Karoline Maia), Felipe Scapino e Mário de Almeida. Eles produziram os documentários que contemplam o encerramento do Ciclo 2019, o qual tem a proposta de mostrar a diversidade dos argumentos, das narrativas e da produção audiovisual dos produtores artístico-culturais de comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras.
As exibições serão seguidas de bate-papo com a participação de especialistas como a Sueli Carneiro,doutora em Educação pela USP, ativista e fundadora do Geledés Instituto da Mulher Negra, Jéssica Balbino, jornalista e curadora de eventos literários de mulheres e periféricos, e Antonio Diegues, doutor em Ciências Sociais pela USP e pesquisador de áreas protegidas e de comunidades tradicionais. O público ainda pode conferir as apresentações dos cantos de luta e resistência de DjuenaTikuna e do solista de viola Bruno Sanches.
Desde 2014, o Ciclo de Cultura Tradicional das Oficinas Culturais, Programa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerenciado pela Poiesis, percorre o interior, litoral e região metropolitana paulista promovendo encontros, troca de experiências e diálogos sobre tradições afro-brasileiras, religiosidade, culturas indígena, popular e caipira. Ao longo dos seis anos de atuação, o Ciclo já alcançoumais de 15 mil espectadorese abriu espaço paracentenas de produtores artístico-culturais de regiões como Botucatu, Franca, Cubatão, Santos, Pereira Barreto, São Carlos e Sorocaba.
A seguir, a programação completa e sinopse dos documentários do Ciclo de Cultura Tradicional – encerramento 2019:
13 e 14 de dezembro, sexta-feira e sábado
Parceria e local: Associação Cultural Cachuera! – Rua Monte Alegre, 1094, Perdizes – São Paulo/SP
Distribuição gratuita de ingressos, para os dois dias, a partir das 18h do dia 13 de dezembro.
40 lugares por sessão/apresentação.
Classificação livre
13/12 – sexta-feira
19h30 |Música |Bruno Sanches
No espetáculo do álbum “Do Barroco às Barrancas do Rio”, Bruno Sanches, vencedor do 5º Prêmio MIMO Instrumental, traz poemas e causos, mostra a versatilidade da viola brasileira enquanto instrumento solista, bem como seu domínio do contraponto entre voz, viola e percussão.
20h30 | Cinema |Entreposto – Tradição em Movimento no Caminho das Tropas
Direção: Mário de Almeida | BRA | 2019 | Doc | 15 min
No interior paulista, o músico Bob Vieira busca vestígios da cultura tropeira em Itapetininga e região. Música, dança e culinária guiam-no por rastros de quase trezentos anos de tradições, em constante movimento entre passado e presente, rumo ao futuro.
Após a exibição, ocorre bate-papo com José Roberto Zan – historiador e professor do departamento de Música do Instituto de Artes da Unicamp; Bob Vieira – violeiro, educador musical e poeta; Edson Fontes – integrante da banda Matuto moderno e do grupo Os Favoritos da Catira; e o diretor do próprio documentário, Mário de Almeida. Mediação: Jéssica Balbino – jornalista, curadora e criadora do Margens (projeto de conteúdo sobre mulheres periféricas na escrita). Provocação: Paulo Dias – etnomusicólogo, fundador e diretor da Associação Cultural Cachuera!.
14/12 – sábado
14h | Cinema |Povos Indígenasdo Oeste Paulista
Direção: AdemilsonKikitoConcianza e Gilmar KiripukuGalache | BRA | 2019 | Doc | 12 min
Por meio de perspectivas dos povos Kaingang, Krenak, Terena e Guarani, um olhar sobre o cotidiano e a cultura indígena do Oeste Paulista, região que, no século 20, ficou marcada pelo genocídio e etnocídio dessa população. O filme aborda as relações intergeracionais, as tradições e os costumes das aldeias das terras indígenas Araribá, Icatu e Vanuíre.
Após a exibição, haverá bate-papo com Marília Xavier Cury – pesquisadora em Museologia no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP; Márcia Kambeba – mestra em Geografia e poeta; Dirce Jorge Lipu – da etnia Kaingang e liderança na Terra Indígena Vanuíre na região de Arco-Íris/SP; e o diretor AdemilsonKikitoConcianza – da etnia Kaiowá, ator, cineasta e membro da ASCURI (Associação Cultural de Realizadores Indígenas), grupo que busca manter territórios tradicionais e o jeito de ser dos povos originários do Mato Grosso do Sul por meio dos novos meios de comunicação. Mediação: Jéssica Balbino. Provocação: Paulo Dias.
15h45 | Cinema|Caiçara – Povo defé e folia
Direção: Felipe Scapino | BRA | 2019 | Doc | 21 min
Dança, música, religiosidade, artesanato, pesca, linguajar, culinária e corrida de canoas. Este documentário apresenta a pluralidade cultural do povo caiçara, o qual tem a natureza e o território como principais meios para preservação do seu modo de vida.
Após a exibição, um bate-papo com Antonio Diegues – doutor em Ciências Sociais pela USP, pesquisador de áreas protegidas e da cultura caiçara; Mário Gato – historiador, folclorista, músico e representante dos pescadores do norte de Ubatuba na APA Marinha Litoral Norte; Simone Lara –bióloga e caiçara de Toque-Toque Pequeno, sul de São Sebastião; e o diretor Felipe Scapino – documentarista, pesquisador etnográfico e arte-educador. Mediação: Jéssica Balbino. Provocação: Paulo Dias.
17h30 | Cinema | Religare – A diversidade da fé nas tradições de comunidades tradicionais em Cananeia
Direção: Cleber Rocha Chiquinho | BRA | 2019 | Doc | 16 min
A partir de práticas religiosas vivenciadas por mestres e lideranças de comunidades caiçaras, quilombolas e indígenas de Cananeia, município do litoral sul paulista, o filme aborda aspectos da diversidade da fé nas tradições desses grupos. Além desse aspecto,demonstra pontos de convergência com a religiosidade do cotidiano.
Em seguida, bate-papo com AntonioFilogênio – doutor em História, Filosofia e Educação pela UMESP de Piracicaba e integra o projeto Casa de Batuqueiro, focado em pesquisa e apresentações do Batuque de Umbigada; Vagner Gonçalves da Silva – antropólogo e professor da USP que pesquisa as populações afro-brasileiras e suas relações culturais e religiosas; e o diretor de Religare, Cleber Rocha Chiquinho – educador na rede pública de ensino e no Ponto de Cultura “Caiçaras”. Mediação: Jéssica Balbino. Provocação: Paulo Dias.
19h15 | Cinema |Elas Abriram o Caminho Dançando
Direção: Coletivo Pujança | BRA | 2019 | Doc | 20 min
No interior paulista, há mulheres negras que são guardiãs de tradições centenárias. Resguardando suas culturas e continuando suas lutas, elas questionaram normas e papeis para manter viva a herança que ganharam de seus ancestrais.
Logo depois, bate-papo com Sueli Carneiro – referência intelectual e na luta antirracista, é filósofa e doutora em Educação pela USP, escritora e fundadora do Geledés Instituto da Mulher Negra; Mayra Kristina – agente cultural independente e uma das coordenadoras do Festival Curau, atuando na zona oeste de Piracicaba;Jociara Souza – pedagoga, contadora de histórias e líder do grupo de jongo Filhos da Semente; e as diretoras Camila Izidio (fotógrafa), Carol Rocha (diretora e jornalista) e Karoline Maia (codireção), que formam o Coletivo Pujança. Mediação: Jéssica Balbino. Provocação: Paulo Dias.
21h | Música |DjuenaTikuna
Djuena apresenta a cultura do seu povo Tikuna. Em 2017, lançou seu primeiro álbum, “Tchautchiüãne” (“Minha Aldeia”), que lhe rendeu uma indicação ao Indigenous Music Awards. No espetáculo de encerramento do Ciclo de Cultura Tradicional, entoa seu engajado canto de luta e resistência indígena. Ela é da região do Alto Solimões, na Amazônia, e idealizou a primeira Mostra de Música Indígena do Amazonas – WIYAE.
SOBRE AS OFICINAS CULTURAIS
Oficinas Culturais é um programa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, que atua, desde 1986, na formação e na vivência da população no campo de cultura, em diversas áreas como: artes plásticas, música, dança, fotografia, moda, performance, processos gráficos e teatro. O Programa é administrado pela Poiesis- Organização Social de Cultura.
Hoje, além de três unidades localizadas na capital, Oficinas Culturais dialoga com o interior por meio de dois festivais (MIA – Festival de Música Instrumental e o FLI – Festival Literário de Iguape), ciclos de estudos sobre gestão cultural e cultura tradicional, qualificação artística de 60 grupos, entre teatro e dança, e ações dedicadas à pesquisa e à experimentação nas diversas linguagens artísticas, a partir da relação direta com 360 municípios, em mais de 600 atividades de formação. Conheça melhor o programa e suas atividades em www.oficinasculturais.org.br.
SOBRE A POIESIS
A Poiesis – Organização Social de Cultura é uma organização social que desenvolve e gere programas e projetos, além de pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais, voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.