O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8/3, levanta discussões sobre igualdade de gênero. E o Projeto Guri – maior programa sociocultural brasileiro, mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – realizou levantamento interno para analisar a representatividade feminina na música. Ao todo, 50,1% das crianças e jovens que fazem aula no projeto são meninas. As alunas são incentivadas a escolher todo o tipo de instrumento, sem distinção alguma. Assim, constata-se que os cursos de coral, cordas friccionadas, cordas dedilhadas, madeiras e teclas apresentam maior presença feminina entre os alunos matriculados em 2016, com mais de 60% de predominância de meninas.
Além disso, 60% dos cargos de liderança e 42% dos educadores do projeto são mulheres. Exemplo disso é a Lívia Gastardel, de 30 anos, educadora de saxofone do Polo Regional Jundiaí há 5 anos. Com 18 anos, ela entrou no Conservatório de Tatuí, mas fazia as aulas apenas por hobby.
“Me encantei com aquela escola e com o mundo maravilhoso da música. Quando percebi já estava tão ligada ao instrumento que não me imaginava fazendo outra coisa a não ser musicista. Não foi fácil, mas sei que não seria tão feliz como sou se fizesse outra coisa. A música se tornou minha vida. Devido a ela, tenho uma profissão, conheci há 7 anos meu marido na Banda Sinfônica de Hortolândia, e agora teremos um filho”.
Lívia Gastardel
Educadora de saxofone do Projeto Guri – Polo Regional Jundiaí
A jovem passou por algumas dificuldades como a instabilidade financeira. “Meu pai sempre foi muito rígido e preocupado com o meu futuro, meus trabalhos não tinham estabilidade nenhuma. Até que com 25 anos, eu me tornei educadora do Projeto Guri, que emprega com regime CLT e pude me estabelecer melhor financeiramente”, contou.
Ao iniciar os estudos, Livia era uma das duas únicas mulheres presentes na turma de música. “Havia desconfiança da nossa capacidade. Por isso, sempre me dediquei muito para mostrar que podia ser mulher e ser uma excelente instrumentista”, concluiu.