Nos dias 16 e 17 de agosto a Companhia sobe ao palco do Teatro Municipal Manoel Lyra com obras de seu repertório e uma pré-estreia de Leilane Teles
A São Paulo Companhia de Dança (SPCD) – corpo artístico da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança – prepara a pré-estreia de mais uma obra em seu repertório. Nos dias 16 e 17 de agosto, às 20h e às 19h respectivamente, a Companhia sobe ao palco do Teatro Municipal Manoel Lyra, na cidade de Santa Bárbara D’Oeste com a inédita Autorretrato, Leilane Teles, além das já conhecidas Casa Flutuante, de Beatriz Hack; Veias Abertas, de Poliane Fogaça; e a Morte do Cisne, por Lars Van Cauwenbergh. Os ingressos são gratuitos e deverão ser retirados na bilheteria com 1h de antecedência.
Autorretrato é a segunda criação de Leilane Teles para a SPCD, na qual propõe uma reflexão profunda sobre a identidade brasileira, sobre a ancestralidade e as múltiplas influências que nos constituem, tecida a partir das imagens vibrantes do vasto acervo de Cândido Portinari, considerado um dos maiores pintores do Brasil. Dentro desse universo, que contém mais de 5 mil peças, foram escolhidas 8 – gentilmente cedidas por João Candido Portinari, filho do artista -, cujo conjunto revela a essência da proposta coreográfica. A obra começa com o autorretrato do próprio pintor, quase um prefácio visual que antecede a imersão na história e na cultura dos povos originários do Brasil.
A primeira cena retrata a chegada dos portugueses por aqui e o encontro visceral entre eles e os nativos. À medida que a obra avança, são representadas as relações complexas desde o encontro até os momentos de exploração e a brutalidade da escravização dos nativos, culminando na apresentação de “Índio Morto”, uma das telas mais pungentes de Portinari. Embora a coreografia se inspire livremente na representação desses povos, a intenção não é a de uma reprodução literal, mas sim a de captar a brasilidade e a multiplicidade de influências culturais que constituem a nossa identidade nacional. A criação de “Autorretrato” foi enriquecida pela consultoria artística de Cristiane Takuá e Carlos Papá, dois especialistas indígenas cuja participação foi essencial para garantir que as representações culturais fossem tratadas com o respeito e a autenticidade que merecem, além de adicionarem profundidade e sensibilidade únicas à coreografia.
“Autorretrato é uma obra que vai além do palco, uma reflexão profunda sobre a identidade brasileira, que explora as complexidades e contradições que moldam o nosso país. A obra busca despertar uma introspecção sobre nossa ancestralidade, nossa história e as múltiplas influências que nos constituem. Este é um convite à reflexão, um chamado ao reconhecimento das nossas raízes, celebrando a brasilidade em toda a sua riqueza e diversidade”, explica Leilane.
Casa Flutuante, de Beatriz Hack, revela diferentes conceitos de “casa” e suas impermanências, na cena. Conduzidos por uma trilha sonora eclética, o elenco flutua entre os movimentos propostos pela coreógrafa e desenvolvidos a partir da experiência pessoal de cada um. Os movimentos individuais e de grupo exploram as relações humanas e interpessoais. Já a Morte do Cisne é um balé criado em 1907 por Fokine para Anna Pavlova. Um solo emocionante, que dialoga com as sonoridades da harpa e do violoncelo, inspirado no poema de Alfred Tennyson (1809-1892) e nos movimentos dos cisnes em seus últimos instantes de vida. Esse solo é interpretado por grandes estrelas da dança e ganha novos acentos e dinâmicas no corpo das bailarinas da SPCD nesta versão de Lars Van Cauwenbergh.
Inspirada livremente na obra literária: “As veias Abertas da América Latina”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) e embalada pelas canções da cantora argentina Mercedes Sosa (1935-2009), Veias Abertas, de Poliane Fogaça, propõe o encontro desses dois grandes artistas que em comum, contaram as histórias dos povos latino-americanos. A obra revela aspectos sociais – como a fome, a falta de oportunidade, a luta contra a repressão – e a resiliência, o amor pelo próximo e a noção de unidade entre os povos.
Serviço:
SPCD em Santa Bárbara D’Oeste
Data: 16 e 17 de agosto
Horário: 20h | 19h respectivamente
Local: Teatro Municipal Manoel Lyra – R. João XXIII, 61 – Centro, Santa Bárbara d’Oeste – SP, 13450-040
Ingressos: Gratuitos, retirados na bilheteria 1h antes
Fichas Técnicas:
Autorretrato (2024)
Coreografia: Leilane Teles
Músicas: “Grupo krahó”, de Indios Krahó, interpretada por Marlui Miranda; “Pasha Dume Pae”, de Amazon Ensemble; “Canto da Liberdade”, de Akaiê Sramana, interpretada por Akaiê Sramana; Tchori Tchori feat. Uakti, de Marlui Miranda e Índios Jaboti de Rondônia, interpretada por Marlui Miranda, Rodolfo Stroeter, Uakti; “Mae Inini (The Power of the Earth)”, de Amazon Ensemble; “Tamburim”, de Josi Lopes, interpretada por Josy.Anne; “Kworo Kango”, de Canto Kaiapó, interpretada por Berimbaobab Brasil.
Iluminação: Gabriele Souza
Figurinos: André von Schimonsky
Consultoria Artística: Cristiane Takuá e Carlos Papá Mirim Poty
Duração: 19 minutos
Veias Abertas (2023)
Essa obra integrou o projeto Ensejos, uma parceria com o Centro Cultural São Paulo, que tem curadoria de dança de Mark Van Loo e direção geral de Rodolfo Beltrão.
Coreografia: Poliane Fogaça
Música: “Canción para um Niño em la calle,” de Algel Ritro, Armando Tejada, René Pérez; “Afonsina Y El mar”, de Ariel Ramírez, Feliz Cezar Luna, “Razón de Vivir”, de Victor Heredia e “Canción Con Todos”, de Armando Teijada Gomez, Cézar Isella
Iluminação: Caetano Vilela
Figurinos: Cláudia Schapira
Duração: 15 minutos
Fotos: https://drive.google.com/drive/folders/1sPDP1IMVCaSUF3SliGeaHJUvcKBRVkVJ?usp=drive_link
A Morte do Cisne (2019)
Coreografia: Lars Van Cauwenbergh, inspirado na obra de Michel Fokine (1880-1942)
Música: O Cisne, extrato do Carnaval dos Animais (1866), de Camile Saint_Saens (1835-1921)
Iluminação: Wagner Freire
Figurino: Marilda Fontes
Duração: 3 minutos
Fotos: https://drive.google.com/drive/folders/1sDjKsYzIzqiXXrOPGVt0SxYk9Vhqmmks?usp=drive_link
Casa Flutuante (2024)
Coreografia: Beatriz Hack
Músicas: Boi nº1, Foli Griô Orquestra com Cacau Amaral; Nordavindens Klagesang, de Vàli; Giardini Di Boboli, de Manos Milonakis feat. Jacob David e Grégoire Blanc; Encruzilhada, de Tulio; e Marie, de Cristobal Tapia De Veer – mixagem por Renan Lemos
Figurinos: Balletto
Duração: 14 minutos e 44 segundos