O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8/3, levanta discussões sobre igualdade de gênero. E o Projeto Guri – maior programa sociocultural brasileiro, mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – realizou levantamento interno para analisar a representatividade feminina na música. Ao todo, 50,1% das crianças e jovens que fazem aula no projeto são meninas. As alunas são incentivadas a escolher todo o tipo de instrumento, sem distinção alguma. Assim, constata-se que os cursos de coral, cordas friccionadas, cordas dedilhadas, madeiras e teclas apresentam maior presença feminina entre os alunos matriculados em 2016, com mais de 60% de predominância de meninas.
Além disso, 60% dos cargos de liderança e 42% dos educadores do projeto são mulheres. Exemplo disso é a Lívia Gastardel, de 30 anos, educadora de saxofone do Polo Regional Jundiaí há 5 anos. Com 18 anos, ela entrou no Conservatório de Tatuí, mas fazia as aulas apenas por hobby.
“Me encantei com aquela escola e com o mundo maravilhoso da música. Quando percebi já estava tão ligada ao instrumento que não me imaginava fazendo outra coisa a não ser musicista. Não foi fácil, mas sei que não seria tão feliz como sou se fizesse outra coisa. A música se tornou minha vida. Devido a ela, tenho uma profissão, conheci há 7 anos meu marido na Banda Sinfônica de Hortolândia, e agora teremos um filho”.
Lívia Gastardel
Educadora de saxofone do Projeto Guri – Polo Regional Jundiaí
A jovem passou por algumas dificuldades como a instabilidade financeira. “Meu pai sempre foi muito rígido e preocupado com o meu futuro, meus trabalhos não tinham estabilidade nenhuma. Até que com 25 anos, eu me tornei educadora do Projeto Guri, que emprega com regime CLT e pude me estabelecer melhor financeiramente”, contou.
Ao iniciar os estudos, Livia era uma das duas únicas mulheres presentes na turma de música. “Havia desconfiança da nossa capacidade. Por isso, sempre me dediquei muito para mostrar que podia ser mulher e ser uma excelente instrumentista”, concluiu.
“Na Itália não existe feminino para a palavra maestro. Ainda é percebido como um papel masculino”
Valentina é regente em residência da OSESP
Valentina Peleggi é italiana, mas foi na Royal Academy of Music, em Londres, que ela se formou em regência orquestral. Em 2014 foi selecionada para um programa de masterclass durante o Festival de Inverno de Campos do Jordão, da Osesp. “Ganhei o prêmio de Regência, que consistia em atuar como regente da Osesp durante quatro semanas, no começo da temporada”, explica. Essa foi a primeira vez que ela veio ao Brasil.
Ela estava preparada para voltar para a Europa quando o regente que assumiria a orquestra na semana seguinte quebrou o pulso. Então Arthur Nestrovski faz um convite irrecusável: assumir a orquestra. Com apenas dois dias para aprender e ensaiar o programa novo, ela aceita. “Sabe aquele momento que você percebe que é decisivo?”, conta.
Sua participação foi tão marcante que, em 2015, recebeu diversos convites da Osesp para retornar ao Brasil. Em 2016 ela aceitou o convite para assumir o cargo de regente assistente por toda a temporada. No ano seguinte, ela assumiu a regência do coro da Osesp, recebe o prêmio Apca como melhor regente e, em seguida, o cargo de regente em residência, que desempenha atualmente, além de ser a professora da academia de regência.
“Se algo acontecer, e não é raro – já aconteceu em pelo menos sete programas – eu tenho que assumir. Então eu preciso estar em todos os ensaios, ajudar o maestro. É bastante trabalho”, explica Valentina.
Ouvindo a história de Valentina, parece até que as coisas são muito simples: uma garota extremamente capacitada, que se esforça, tem seu talento reconhecido e consegue uma posição de destaque. Mas não é bem assim. “Jovem e mulher em um cargo de liderança é esquisito e não só aqui no Brasil. Maestro é um papel que tem muitos estereótipos. Nós estamos acostumados com a ideia do regente homem, mais velho, aquela figura distante, intocável pela qual os músicos sentem uma mistura de medo e respeito. Para se ter uma ideia, em italiano não existe nem feminino para maestro. Ainda hoje é percebido como um papel masculino”, diz.
E, por conta desse estereótipo, ela disse que já passou por algumas situações não muito agradáveis, que Peleggi chama de “desafio do começo”. “Recentemente estava na Itália e, na primeira vez que toquei com uma orquestra profissional, no momento em que entrei no palco um dos músicos se virou, me olhou e disse ‘não toco com uma menina’. Esse é o tipo de coisa mais leve que já enfrentei. Porque esse é o começo, sabe? Cada regente deve encontrar a sua estratégia com o grupo, mas para a mulher, jovem, que precisa quebrar esse estereótipo, é ainda mais difícil. Você tem que ter uma visão da obra, da música, mas também de si mesma. Tem que ter uma força interior para que o grupo olhe para você e acredite em você. Superada essa parte, quebrado o tabu, agora vamos fazer música, vamos focar no objetivo que nos reuniu aqui”, diz.
Para Valentina, o Dia Internacional da Mulher é uma data de luta, mas também de agradecimento por tudo o que as mulheres de gerações anteriores conquistaram, inclusive na área musical já que, até pouco tempo atrás a música não era sequer uma opção séria de carreira. “Ninguém da minha família é músico profissional, mas minha bisavó, no início de 1900, morava em Roma e ela estudava canto, era fantástica. Aos 19 anos, ela fez uma audição para cantar o papel de Musetta na ópera La Boheme, de Giacomo Puccini e foi escolhida. Na apresentação o próprio Puccini estaria na platéia, você consegue imaginar isso? Mas nessa época ela estava noiva de um oficial da marina e havia uma regra que determinava que quem pertencia à marinha não poderia se casar com prostitutas. Era assim que as artistas na época eram consideradas, prostitutas. Minha vó, então, escolheu por se casar”, conta.
Ela conta que se lembra de ir na casa da bisavó quando pequena e vê-la tocar, mas nunca mais cantar. “Sempre que ela tocava o seu piano, ela se arrumava como se fosse tocar em um palco. Eu me lembro muito bem, porque ela tinha as unhas grandes e ficavam batendo nas teclas. Sabe, mulher tem que ter unha grande. Ela abdicou da carreira mas eu estou aqui hoje. Ela ficou machucada para o resto da vida. Nenhuma mulher deveria desistir dos seus sonhos por ser mulher, por não receber apoio, por não ter referências ou oportunidade. É uma frustração para uma vida inteira”.
E, justamente para que mais nenhuma mulher seja obrigada a abandonar suas aspirações é que Valentina acredita que é preciso agir. “Agradeço às mulheres de gerações anteriores à minha, inclusive à Marin Alsop, porque foi ela quem criou a bolsa para jovens regentes Taki Concordia, um programa específico para mulheres, porque são poucas. Eu vi uma pesquisa que apontava que apesar de no início da carreira musical a quantidade de meninos e meninas ser equilibrada, o percentual cai drasticamente a cada ano que passa. Isso é algo para se pensar. As coisas mudaram, mas ainda temos muito o que fazer”.
“Na Itália não existe feminino para a palavra maestro. Ainda é percebido como um papel masculino”
Valentina é regente em residência da OSESP
DESAFIO
LITERÁRIO 2018
Livros de Escritoras
Queremos que você conheça mais livros escritos por mulheres e,
para isso, criamos esse #DesafioLiterário!
Cada círculo contém uma categoria na qual o título precisa estar contido. Convide as pessoas que você conhece para participar e veja quantos pontos cada um vai conseguir marcar.
Durante todos os finais de semana do mês de março, às 11h, as visitas guiadas pelos educadores do Museu da Imigração abordarão a presença das mulheres na história da migração para o estado de São Paulo.
O Núcleo Educativo realiza, no dia 11/3, a atividade “Poesia no Concreto”. Nela, o público poderá questionar como as mulheres migrantes são representadas pelas mídias e quais notícias gostariam de ler sobre elas.
Rua Visconde de Parnaíba, 1316 São Paulo-SP Metrô Bresser-Mooca (900m)
(11) 2692-1866
Gratuidade para mulheres no dia 8 de março (quinta-feira)
Casa das Rosas
Ciranda das Mulheres
Terças de março e abril às 14h00
A Casa das Rosas realiza, até 24/04, a oficina “Ciranda das Mulheres”, sempre às terças-feiras, às 14h.
Sarau das Pretas
17 de março às 19h00
Mulheres negras atuantes no cenário cultural periférico de São Paulo se reúnem no dia 17/3, sábado, às 19h, para o Sarau das Pretas.
Slam das Minas
15 de abril às 14h30
No dia 15/4, domingo, às 14h30, acontece o Slam das Minas (SP). Completando seu terceiro ano na Casa das Rosas, o Slam propõe uma batalha de poesia entre escritoras e slammers, visando garantir uma vaga feminina para a competição em nível nacional, o Slam BR.
Informações
Entrada gratuita
Funcionamento: terça a sábado, (fechado às segundas) das 10h00 às 22h00 | domingos e feriados, das 10h00 às 18h00
Estacionamento pago no local
Acessibilidade no local
Av. Paulista, 37, Bela Vista – São Paulo-SP Estação Brigadeiro do Metrô (850m)
(11) 3285-6986 | (11) 3288-9447
Pinacoteca
Exposição “Hilma af Klint”
À partir de 03 de março
A Pinacoteca abre sua primeira exposição do calendário de 2018 com “Hilma af Klint: Mundos Possíveis”, uma mostra individual da pintora sueca Hilma af Klint, que inclui 130 obras, com destaque para a série intitulada “As dez maiores”. Realizada em 1907, é considerada hoje uma das primeiras e maiores obras de arte abstrata no mundo ocidental.
#SmashtheGlass
07 de março
A Pinacoteca recebem atividades do evento #SmashtheGlass. Essa ação propõe a dar visibilidade ao assédio sexual sofrido por mulheres a partir da realidade brasileira. A roda de conversa na Pina acontece no dia 7 de março, as inscrições são limitadas e gratuitas e devem ser feitas no link: https://goo.gl/147GjD.
Os ingressos para a Pinacoteca custam R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia).
Materna em Canto
10 de março às 11h00
Sábado, dia 10/3, o museu recebe o “Materna em canto” a partir das 11h na Pina Luz (átrio – 2º andar). Fundado por Isadora Canto, esse é o primeiro e mais antigo grupo vocal composto por mães que cantam juntas transformando histórias da maternidade e celebração das dores e delícias de ser mulher em apresentação musical.
Informações
R$ 6,00 | Grátis aos sábados
Funcionamento: quarta a segunda (fechado às terças) das 10h00 às 17h30 (com permanência até às 18h00)
Estacionamento gratuito no local
Acessibilidade no local
O MIS realiza uma mostra gratuita de filmes da premiada atriz norte-americana Viola Davis. Serão duas sessões por dia, sempre às 18h00 e 20h30.
O evento é gratuito, mas é necessário retirar ingressos na bilheteria com uma hora de antecedência na recepção.
Brincando com a Tempestade
10 de março às 19h00
No dia 10 de março, a performance “Brincando com a Tempestade”, da paulista Andreza Aguida, que será apresentada no Auditório MIS, às 19h00, com entrada gratuita, vai ilustrar como uma tempestade pode ser convidativa para a afirmação do poder feminino.
Informações
Entrada gratuita às terças-feiras. Aos sábados, acesso grátis às exposições do térreo e do acervo – consulte os valores dos ingressos das exposições e eventos
Funcionamento: terça a sábado, (fechado às segundas) das 10h00 às 21h00 | domingos e feriados, das 9h00 às 19h00
Estacionamento pago no local
Acessibilidade no local
Gratuidade para mulheres no dia 8 de março (quinta-feira)
Museu do Futebol
Visibilidade para o Futebol Feminino
01 de março a 29 de abril
Terça a sábado, das 10h às 22h
Domingos e feriados, das 10h às 18h
“Composta por 11 painéis e três vídeos com roteiro de Marcelo Duarte e narração de Claudete Troiano, a mostra foi feita especialmente para viajar para outras localidades e colaborar, assim, para tornar mais conhecida a participação feminina no futebol”, afirma Daniela Alfonsi, Diretora de Conteúdo do Museu do Futebol.
A conquistas DELAS
07 de março
às 19h30
Com o objetivo de inspirar mulheres que atuam ou desejam atuar como atletas, o Museu do Futebol realiza um debate sobre a luta das mulheres nos esportes.
Aline Pellegrino, Magic Paula e Fofão participam do debate intitulado “As Conquistas Delas: a história oculta das mulheres no esporte”, com mediação das Dibradoras.
O evento acontece no auditório do Museu, dia 7/3, quarta-feira, às 19h30, com entrada gratuita.
Informações
R$ 12,00 | Grátis às terças-feiras
Funcionamento: terça a domingo, das 9h00 às 18h00 (Bilheteria até às 17h00)
Estacionamento na Praça Charles Miller (Zona Azul)
Praça Charles Miller, S/N – Pacaembu, São Paulo- SP
(11) 3664-3848
Fábrica de Cultura Cidade Tiradentes
#SmashTheGlass
08 de março
das 10h00 às 12h00
A unidade Cidade Tiradentes recebe parte da programação do #SmashTheGlass, evento realizado pelos Governos de São Paulo e do Canadá que discute o assédio sexual nos espaços públicos. A partir das 10h acontece uma roda de conversa com participação de Evelyne Coulombe, representante do consulado canadense; Lunna Rabetti, da Frente Nacional das Mulheres no Hip Hop; Renata Perón, presidente da Associação Centro de Apoio e Inclusão Social de Travestis e Sexuais (CAIS). Para moderar o evento, foi convidada Heloísa Alves, da secretaria de Desenvolvimento Social do estado paulista e ex-coordenadora estadual de Políticas para Diversidade Sexual.
Informações
Participação livre e gratuita
Funcionamento: de terça a domingo, (fechado às segundas) das 9h00 às 17h00
No Dia da Mulher, o Museu Índia Vanuíre realiza uma palestra destinada aos alunos de Tupã e público espontâneo, para discutir temas relacionados à importância da valorização e do respeito às mulheres. A palestra será conduzida por uma mulher ligada à defesa aos direitos das mulheres.
08 de março às 14h00
O Dia da Mulher mostra à sociedade como o gênero feminino deve ser tratado todos os dias. Neste momento, o Museu índia Vanuíre realiza um sarau com o objetivo de enaltecer e valorizar as mulheres por meio de músicas e poesias.
Informações
Ingresso voluntário
Funcionamento: de terça a domingo, (fechado às segundas) das 9h00 às 17h00
Em comemoração a essa data, o Museu Casa de Portinari homenageia as mulheres com a apresentação de vídeo com retratos de mulheres pintadas por Portinari.
Informações
Entrada: ingresso voluntário
Funcionamento: terça a domingo, (fechado às segundas) das 9h00 às 18h00
Acessibilidade no local
“Quarto 19”, peça inspirada no conto homônimo da escritora britânica Doris Lessing, fala sobre a liberdade das mulheres na sociedade patriarcal.
Palestra A Escrita da Dança com Inês Bogéa
17 de março
às 10h30
Antes do bate-papo, haverá a exibição do DVD A Escrita da Dança, produzido pela Companhia, que aborda a história da dança cênica ocidental em suas principais vertentes – clássica, moderna e contemporânea, procurando mostrar as diferentes maneiras pelas quais o corpo se organiza no espaço e as inter-relações entre esses estilos cênicos. O material faz parte de uma série produzida pela São Paulo que conta com documentário, textos e sugestões de exercícios que dialogam com os Cadernos de Arte da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e procura estimular o conhecimento do universo da dança de maneira a apreciá-lo, refletindo e percebendo-o de forma criativa.
Neste dia, os participantes também poderão assistir trechos dos ensaios na SPCD, além de receberem o DVD Escrita da Dança e certificado de participação, que será enviado por e-mail.
Teatro – “V.U.L.V.A.””
28 de março às 20h00
O espetáculo V.U.L.V.A investiga o lugar simbólico que a Vulva ocupa em nossa sociedade e se perguntar: Qual é o significado da negação de algo concreto e biológico como a Vulva? Que conhecimentos podemos obter dela? Por que os nomes usados para denominá-la geralmente são infantis e quase sempre colocados no diminutivo? Por que sempre esse movimento de diminuição?
Teatro – “6 gritos para o infinito”
28 a 30 de março às 20h00
31 de março às 18h00
“6 gritos para o infinito” é uma coreografia composta por seis histórias, contadas por seis mulheres, e tem como objetivo extrapolar os discursos e experiências de repressão ao experimentar um corpo cheio de potência, de resistência e de criação, expressando a busca da mulher pelo prazer e por seus sonhos.
Teatro – “Latinas”
30 e 31 de março às 17h00
O espetáculo “Latinas” apresenta personagens múltiplas que questionam o modelo do papel social da mulher latino-americana em São Paulo.
Informações
Entrada gratuita – é necessário retirar o ingresso com uma hora de antecedência.
Funcionamento: Segunda a sexta das 9h00 às 22h00 e aos sábados das 10h00 às 18h00
A Temporada Osesp 2018 – Natureza dos Sons abre oficialmente de 8 a 10/3, com a Osesp regida por sua diretora musical e regente titular Marin Alsop, apresentando a Sinfonia nº 7 de Mahler, a primeira peça que Marin regeu com a Orquestra, ainda como convidada, em 2011.
Informações
Sala São Paulo: 1340 lugares
Sala do Coro: 150 lugares
Uma história infantil contada por meio da música. Serão duas apresentações com entrada gratuita: sábado (10) e domingo (11), ambas às 11h00. A regência é da maestrina convidada Katarine Araújo, que comanda um grupo de músicos da Orquestra do Theatro São Pedro. E o ator e palhaço Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria, será o narrador dessa história. No dia 10, o evento é realizado em parceria com a Artematriz, e faz parte da Ciclovia Musical SP 2018.
Rua Barra Funda, 161 – Barra Funda – São Paulo-SP (prox. ao Metrô e Praça Marechal Deodoro)
(11) 3661-6600 | 3667-0499 (bilheteria)
Memorial da Resistência
Sábado Resistente
10 de março às 14h00
O Memorial da Resistência realiza um encontro entre militantes feministas de diferentes gerações para debater as mudanças nas lutas das mulheres ao longo dos anos, tanto nas demandas quanto nas formas de ação, além das melhores estratégias para a conquista de direitos das mulheres.
Na ocasião, será exibido o documentário de curta-metragem “Nossa voz resiste!”, que traz a história de três mulheres brasileiras: uma comunicadora que denuncia a violência policial em sua comunidade, uma jornalista independente e uma militante que luta pela liberdade de expressão.
Informações
Entrada gratuita
Funcionamento: de quarta a segunda (fechados às terças-feiras), das 10h00 às 17h30, com permanência até as 18h00.
Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia, São Paulo – SP
(11) 3335-4990
Biblioteca de São Paulo
Bate-papo Literário
10 de março das 14h00 às 17h00
Baseada na antologia intitulada Fantásticas, os autores Walter Tierno, Giulia Moon, Bruno Melo, Dany Fernandez, Josy Santos entre outros, .conversam sobre o protagonismo feminino na literatura e no cinema.
Clube da Leitura
29 de março às 15h00
O Clube da Leitura deste mês debate o livro “Os Contos da Aia”, de Margaret Atwood, um romance distópico situado num futuro próximo, no qual uma sociedade fundamentalista cristã subjuga e explora mulheres, tirando delas seu individualismo e independência.
Informações
Entrada gratuita
Funcionamento: de terça-feira a domingo e feriados, das 9h30 às 18h30
Av. Cruzeiro do Sul, 2.630, São Paulo – SP
Estação Carandiru do Metrô – Linha Azul
Telefone: (11) 2089-0800 | (11) 3335-4990
Casa Guilherme de Almeida
A mulher no cinema
10 de março às 15h00
17 e 18 de março das 14h00 às 18h00
A Casa Guilherme de Almeida realiza em março duas atividades que falam sobre o papel da mulher no cinema: no dia 10/3, às 15h, acontece a palestra “Mulheres na Tela”; já nos dias 17 e 18/3, das 14h às 18h, a Casa realiza o curso “Olhar e resistência: A presença da mulher no cinema brasileiro”.
Anexo: Rua Cardoso de Almeida, 1943 Museu: Rua Macapá, 187 – Perdizes – São Paulo
(11) 3673-1883 / 3672-1391
Museu Afro Brasil
10,17 e 31 de março às 14h00
O Museu Afro Brasil realiza uma mediação com foco na presença das mulheres negras em seu acervo.
Neste percurso, os visitantes serão direcionados a perceber a importância e a contribuição histórica e estética de mulheres artistas, escritoras, líderes religiosas, entre outras personagens fundamentais da história brasileira.
Informações
R$ 6,00 | Grátis aos sábados
Funcionamento: terça a domingo, (fechado às segundas), das 10h00 às 17h00 (permanência até às 18h00)
Estacionamento pelo portão 3 (Zona Azul)
Acessibilidade no local
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Pavilhão Manoel da Nóbrega – Parque do Ibirapuera, portão 10 – São Paulo-SP
(11) 3320-8900
Gratuidade para mulheres no dia 8 de março (quinta-feira)
Museu da Casa Brasileira
Música no MCB
13 e 18 de março às 11h00
O Museu da Casa Brasileira recebe a Orquestra Pinheiros com o show “Sophisticated Ladies”. A apresentação será no dia 11/3, às 11h00, com entrada gratuita. No dia 18/3, é a vez a Jazzmin’s Big Band, formada por 17 mulheres de diversas gerações com repertório voltado à música popular sem fronteiras.
Informações
R$ 10,00 | Grátis aos sábados, domingos e feriados
Funcionamento: terça a domingo, (fechado às segundas) das 10h00 às 18h00
Estacionamento pago no local
Acessibilidade no local
Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 – Jardim Paulistano – São Paulo-SP CPTM Cidade Jardim (850m)
(11) 3032-3727
Gratuidade para mulheres no dia 8 de março (quinta-feira)
Museu Felícia Leirner
“A história da mulher contada através da moda e das décadas”
17 e 24 de março às 10h30
18 e 25 de março às 15h30
O Museu Felícia Leirner apresenta a história da mulher, a evolução da moda, da cultura e das conquistas femininas ao longo das décadas. Imagens, curiosidades, diálogos e sensibilizações serão utilizados para que todos possam mergulhar nesse universo e conhecer um pouco mais sobre a nossa própria história!
Informações
R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia estudante e idoso) – gratuita aos domingos
Cidadãos jordanenses não pagam mediante apresentação de comprovante de residência
Funcionamento: terça a domingo, (fechado às segundas) das 9h00 às 18h00
Estacionamento gratuito no local
Acessibilidade no local
Av. Dr. Luis Arrobas Martins, 1.880 – Campos do Jordão/SP
(12) 3662-6000
Gratuidade para mulheres no dia 8 de março (quinta-feira)
Museu Catavento
Exposição “Marie Curie”
18 de março
O Museu Catavento recebe a exposição “Marie Curie 1867-1934”, que traz os feitos da cientista que foi a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel e única a ser condecorada duas vezes – Nobel de Física, em 1903 e de Química, em 1911.
Informações
R$ 10,00 | Grátis aos Sábados
Funcionamento: terça a domingo, (fechado às segundas), das 9h00 às 17h00 (Bilheteria fecha às 16h00)
Estacionamento pago no local
Acessibilidade no local
Palácio das Indústrias – Praça Cívica Ulisses Guimarães, s/no (Av. Mercúrio), Parque Dom Pedro II, Centro – São Paulo/SP
(11) 3315-0051
Biblioteca Parque Villa-Lobos
“Encontro Literário”
10 de março, das 14h00 às 17h00
Dia 10 de março, sábado, das 14h00 às 17h00, a BSP realiza o “Encontro Literário” que irá debater o protagonismo feminino na literatura e no cinema.
Para participar é necessário retirar senhas com 30 minutos de antecedência.
Clube da Leitura
23 de março às 15h00
O Clube da Leitura deste mês debate o livro “Mrs. Dalloway”, um dos romances mais famosos de Virginia Woolf, que fala sobre os conflitos internos de Clarissa Dalloway, uma socialite ficcional que vive na Inglaterra pós-Primeira Guerra Mundial.
Sarau na BVL
24 de março das 12h00 às 17h00
A BVL recebe o Sarau do MISC – Manancial de Interligação de Projetos Sociais e Culturais. Desde setembro de 2012, quando nasceu o projeto, já se apresentaram mais de mil grupos e artistas periféricos em vários pontos e comunidade de São Paulo. Esta edição presta homenagem ao Dia Internacional da Mulher e terá a participação do músico Thera Blue, da Cia. Ballet Dança & Ritmo, entre outros convidados.
Slam das Minas
31 de março das 14h30 às 16h00
“Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher e ao Dia da Poesia, a BVL recebe o Slam das Minas – SP, uma batalha de poetas destinada ao gênero feminino.
O evento inicia com o microfone aberto e em seguida as poetas se enfrentam em três rodadas eliminatórias. Regras: somente textos autorais de até três minutos, sem objeto cênico, figurino e acompanhamento musical. O júri é escolhido na hora.”
Informações
Entrada gratuita
Funcionamento: de terça a domingo e feriados, 9h30 às 18h30.
“Me instiga a
encontrar novas possibilidades de criar espaços para a dança, seja nos palcos, nas palavras ou nas imagens”.
Inês Bogéa é Diretora Executiva e Artística da São Paulo
Companhia de Dança
Inês Bogéa nasceu em Vitória, Espírito Santo, atualmente com 52 anos de idade, é Doutora em Artes, bailarina, professora de dança, escritora e documentarista. Hoje é diretora da São Paulo Companhia de Dança, cargo que ocupa há 10 anos.
Para Inês, estar à frente da Companhia de Dança do Governo do Estado de São Paulo é uma grande alegria e um desafio diário. “Me instiga a encontrar novas possibilidades de criar espaços para a dança, seja nos palcos, nas palavras ou nas imagens”.
Ela iniciou seus estudos na área da dança com a bailarina Lenira Borges, na sua terra natal, em 1978. Em 1987, formou-se como professora de dança clássica e bailarina clássica pela Royal Academy of Dancing de Londres. Em 2001 escolheu seguir o caminho da literatura, após 10 anos dançando com o Grupo Corpo. Também foi coordenadora do Grupo de Estudos de Dança do Centro Universitário Maria Antônia da USP e, em 2004, formou-se em Filosofia com Doutorado em Artes. Já produziu e dirigiu mais de 40 documentários.
Em uma carreira tão dinâmica e diversa, para ela, estar à frente da SP Companhia de Dança, é motivador e inspirador. “Sou grata àqueles que depositaram a confiança em mim e que permitiram um trabalho continuado na área da dança com resultados expressivos reconhecidos pelo público e pela crítica especializada, no Brasil e no exterior”.
Para ela, o Dia Internacional da Mulher deve ser um dia a mais para pensarmos nas diferentes possibilidades de se encontrar espaços harmoniosos de convivência. “Acredito muito nas relações humanas e isso tem me permitido ampliar os horizontes culturais e artísticos com todos”, finaliza.
“Se um homem mata um leão por dia, a gente tem que matar três”
Elizabeth Del Grande é percussionista da OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
A primeira vez que se interessou por percussão, Elizabeth Del Grande tinha cinco anos de idade. Paulista, nessa época teve que se mudar para o Rio Grande do Sul por conta da profissão do pai. Em Bagé, próximo da casa onde morava, acompanhava os desfiles cívicos de um colégio de padres Arquidiocesanos e foi então que o interesse pela percussão despertou: ganhou, então, um tamborzinho de brinquedo do pai.
Em 1961, aos sete anos, Elizabeth voltou à capital paulista. Aos nove anos começou a tocar bateria e… foi um estouro. Autodidata, ela chamava a atenção por tocar “tão bem quanto um homem”, o que era realmente algo de se admirar, já que na época bateria era um instrumento considerado masculino.
Foi no antigo teatro Paramount (hoje Renault) que ela fez sua estreia. Na época, o
teatro ela conhecido como “templo da Bossa” e não demorou muito para Walter Silva, disc jockey, levar a menina prodígio para seu programa Bo64, no teatro.
“Walter lançou músicos como Chico Buarque, Milton Nascimento, e eu fui num desses espetáculos que eles faziam às segundas-feiras. O primeiro pianista com quem toquei foi Amilson Godoy, irmão do Amilton, pianista do Zimbo Trio. Toquei com ele no Bossa Jazz Trio. Aí comecei a ter contato com esse pessoal todo e gravava programas. Fiz o Fino da Bossa, que era apresentado pela Elis Regina. Mas isso tudo ainda era um hobbie, eu não tinha a intenção de trabalhar com música”, conta.
Tanta atenção e sucesso trouxeram também alguns problemas para Beth. “Não foi só o fato de ser mulher, mas ser muito nova. O pessoal dizia que, apesar de ser criança, tocava como gente grande e isso fez com que eu fosse convidada a fazer duelo com outros bateristas. Eu não tinha ensino formal de música, e percebia que algumas pessoas tentavam me segurar. Como eu não tinha uma banda, para tocar com os artistas, os bateristas deveriam ceder seu lugar. Não demorou muito para eles começarem a se recusar em fazer isso. Foi aí que meu pai mandou eu parar. Ele disse, se quiser seguir carreira, segue, mas vai estudar”.
Aos 14 anos, ela conheceu o timpanista da Sinfônica Municipal que convenceu seu pai para que ela se inscrevesse na Orquestra Jovem de São Paulo. Foi então que ela trocou as aulas de química pelas de partitura e entrou definitivamente para o mundo erudito.
“Comecei na Orquestra Jovem em 1968 e em 1969 foi criada a Escola Municipal de Música, onde eu tive aí sim a minha formação teórica e formação de instrumentista porque até aí eu tocava bateria de ouvido”, conta.
Sobre as dificuldades por ser mulher tocando um instrumento masculino, ela acreditava que, agora, no erudito não sofreria mais. “Muito pelo contrário, existia um preconceito até maior e não apenas dos colegas, mas até de alguns maestros. De você não chegar em um determinado posto, mesmo tocando tão bem quanto seu colega, apenas pelo fato de ser mulher”.
Hoje, chefe de naipe da percussão da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Elizabeth não tem que provar nada para ninguém. Ou tem? “Na orquestra não, todos são super respeitosos. Mas, fora, você sempre acaba ouvindo certos comentários. A mulher, se é muito namoradeira, é um problema. E se não é, também é um problema, taxam de homossexual. Se eu fosse, assumiria tranquilamente, mas não sou. Isso nunca ninguém falou diretamente, mas você percebe. Eu optei por ficar solteira, eu tenho um relacionamento com a minha carreira. Os homens não são caracterizados por isso, mas as mulheres sim. Ninguém pode aceitar que essa é a sua opção e acabou”.
No Dia Internacional da Mulher, Beth pondera que sim, as mulheres tiveram muitas conquistas, mas ainda não estamos isentos dos preconceitos. “Se um homem mata um leão por dia, a gente tem que matar três. Temos o tempo todo de provar que somos capazes”, finaliza.
“Um dia eu gostaria de comemorar o Dia Internacional da Mulher ao lado de outras
mulheres. Hoje, não sinto que posso fazer isso”
Renata é recepcionista na SP Escola de Teatro e também é presidente da ONG CAIS – Centro de Apoio de Travestis e
Trans
Quando Simone de Beauvoir disse que a mulher não nasce mulher, mas torna-se, ela
se referia ao fato do papel da mulher na sociedade. A mulher não tem um destino
biológico, mas um papel social que durante anos esteve ligado à maternidade, à
procriação, a servir ao homem. Ela e outras mulheres que vieram antes e depois dela
romperam as barreiras para garantir que hoje seja possível, mesmo com todas as
mudanças ainda necessárias, que a mulher seja quem ela quiser ser e tenha o papel
na sociedade que desejar. Mas, quando falamos sobre a mulher transexual, aquela que possui uma identidade de gênero oposta ao sexo biológico, ela pode comemorar a data tão significativa para a luta por direitos das mulheres?
“Nós vivemos em uma sociedade que nos julga e critica por identidade de gênero e não por profissionalismo”, diz Renata de Moraes Pessoa, 41 anos, conhecida
internacionalmente como Renata Perón.
Ela é atriz, cantora, animadora, assistente social por formação, e hoje trabalha como recepcionista na SP Escola de Teatro, instituição da Secretaria da Cultura do Estado, graças a uma política de acessibilidade.
“Esse projeto é mega importante porque a pessoa travesti ou trans tem que ter a dignidade de correr atrás dos seus sonhos, mas a sociedade apenas aceita que ela sirva de reduto sexual para homens durante a madrugada, de dia não querem que a gente apareça”.
Renata também é presidente de uma ONG, a CAIS – Centro de Apoio de Travestis e Trans – e tem uma história de militância pelos direitos da população T, sobretudo na
área de empregabilidade.
Sobre o Dia Internacional da Mulher, ela lamenta o fato de que ainda muitas mulheres
não enxerguem as mulheres trans como mulheres e, portanto, não consegue ainda
celebrar a data. “Em um evento, ouvi de uma pessoa que ela não me via como mulher e que, portanto, não tinha que me respeitar como tal. Isso não mexeu comigo psicologicamente, porque eu sei quem eu sou. Eu tenho anos de experiência. Mas e se fosse uma menina trans? Ela iria destruir aquela menina na frente de 150 pessoas! Na ocasião eu tive muito jogo de cintura e respondi que sentia muita pena da ignorância dela. Mulher não é só aquela que nasce com o órgão sexual feminino, esse conceito já caiu por terra faz tempo”.
Ela deseja que o Dia seja também um dia de reflexão para que mulheres cisgênero
reflitam e vejam a mulher trans como mulher. “Eu não me sinto representada e aceita. Quem sabe um dia eu possa dizer o que você gostaria de ouvir: que o dia é importante para visibilizar as diferenças. Mas eu ainda não posso dizer isso”.
“Machismo a gente enfrenta em qualquer área e eu acredito que o esporte é só mais uma delas”
Daniela é Diretora de Conteúdo do Museu do Futebol
Pergunte para a sua irmã, a sua amiga ou até a sua namorada. Hoje não é muito difícil encontrarmos uma mulher que goste de futebol, aprecie e torça de verdade. Mas, apesar de tudo, ainda é muito comum essas mulheres ouvirem gracinhas e até serem desafiadas a provar que entendem mesmo do assunto.
Agora imagine ser mulher e Diretora de Conteúdo do Museu do Futebol. Daniela Alfonsi, de 37 anos, que há dez trabalha no Museu – antes mesmo da sua inauguração – pode nos dar uma ideia do que significa ter que provar que tem domínio do tema.
Daniela acompanhou a abertura Museu e a concepção do Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB), área responsável pelos acervos e pesquisas da instituição, inaugurado em 2013. “Foi uma realização extremamente importante e hoje contamos com a maior biblioteca pública sobre futebol, masculino e feminino, banco de dados e realizamos pesquisas de campo por meio das quais conhecemos e registramos os diversos futebóis”, explica.
Tendo começado como coordenadora de documentação, pesquisa e exposições, desde 2014, Daniela atua na direção do Museu, gerenciando três áreas formadas, na sua maioria, por mulheres. Um dos principais desafios que enfrentou quando assumiu a função foi o de dar visibilidade ao futebol feminino. “Escolhemos o ano de 2015 para nos dedicar ao tema, pois era ano de Copa de Futebol Feminino, no Canadá. O projeto envolveu pesquisa, debates e culminou na inclusão da participação das mulheres na exposição de longa duração do Museu”.
Além incluir a modalidade feminina na exposição, o Museu procura ampliar o número de visitantes mulheres. “O futebol não precisa ter gênero, e, enquanto museu, podemos ter atrações para meninas crianças e mulheres. O que fizemos foi o mínimo para começar, ainda tem muita coisa por fazer”, avalia.
No Dia Internacional da Mulher, Daniela deixa seu reconhecimento pela batalha das mulheres por maior espaço no mercado de trabalho e direitos iguais. “Eu sempre penso nas mulheres que estão em uma situação muito mais vulnerável que a minha e gostaria que todos lembrassem que esse é um dia de luta”, diz. “A minha geração ainda não vai acabar com o machismo, é algo ainda muito intricado na nossa sociedade. Mas o fato de termos consciência de que ele existe e questionar já é um grande passo. Espero passar essa mensagem para minha filha, que ela não apenas perceba, mas combata o machismo”.
“Uma aula particular forma uma pessoa; uma escola de música forma um indivíduo que pensa em função de todos”
Florangel é integrante da Associação de Pais e Amigos da EMESP – Escola de Música do Estado de São Paulo
Florangel Marquez, chegou no Brasil há 17 anos, vinda da Venezuela, sua terra natal. Seu nome e sua formação dizem muito de quem ela é: uma pessoa boa que se preocupa com o próximo. Flor se especializou em terapias alternativas que promovem o bem estar e melhoram a saúde. Ainda na Venezuela começou sua formação em Reiki, uma técnica que promove alívio do estresse e saúde através da energia das mãos. Em São Paulo, estudou para ser acupunturista, mas percebeu logo que o ser humano não precisava de uma técnica para tratar a dor, mas de um tratamento que cuidasse do ser humano “por completo”. Foi aí que começou a formação de Integração Craniossacral, uma terapia integrativa que visa equilibrar os fluidos do nosso corpo facilitando os processos de autocura e saúde.
Casada e mãe de dois filhos, Flor notou que as crianças demonstraram interesse pela música e rapidamente procurou um lugar onde eles pudessem iniciar seus estudos. Quando soube que a EMESP Tom Jobim, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, era a melhor escola de música do estado, levou seus filhos para tentar uma vaga em 2013. Eles foram aprovados e começaram a estudar na instituição: seu filho, piano e sua filha, violino.
Em diálogo com outras mães, ficou claro para Flor que era necessário fazer alguma coisa em apoio a instituição, professores e alunos. Valorizando toda a dedicação que estes profissionais da educação musical tem com a formação destes jovens, nasceu a Associação de Pais e Amigos da Emesp Tom Jobim.
“Não são todas as pessoas que podem pagar um professor particular. Uma aula particular forma uma pessoa. Uma escola de música é muito mais. A escola de música forma um indivíduo que trabalha e pensa em função de todos e não apenas de si próprio. Eu quero que meus filhos sejam pessoas que trabalhem pela comunidade, que tenham coisas a oferecer”, diz Flor. E completa: “O que nós gostaríamos de conquistar? O crescimento da Emesp e a valorização de seus alunos”, diz.
Fazem parte dessa Associação principalmente mães. “Uma criança que toca precisa do apoio da família, da tia, do tio, do vô, da vó, da mãe. E, se alguém precisa deixar a carreira de lado para apoiar os filhos, eu acredito que o casal toma essa decisão com base em quem recebe o maior salário, geralmente o homem. Talvez por isso o grupo seja formado na maioria por mães e não por pais”, diz.
Sobre o Dia Internacional da Mulher, Flor reflete sobre a data. “Eu sempre achei que o dia era uma coisa de extrema importância e é, mas passado o tempo a gente vê as lutas que as mulheres têm constantemente e tenho me perguntado se, na verdade, temos mesmo conquistado espaços”, diz.