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Questões LGBT são pauta de ocupação na Oficina Cultural Alfredo Volpi

Nas Américas, o Brasil é o país que mais mata LGBTs e de acordo com o relatório da ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais), o país ocupou o primeiro lugar na quantidade de homicídios por motivação homofóbica em 2016. Ao todo, foram 340 mortes.

De olho nesses dados, a Oficina Cultural Alfredo Volpi realiza entre os dias 28 e 30/6 o evento Ocupação: Coletivo Bixa Pare. O objetivo é discutir as desigualdades geradas pela homofobia considerando questões de raça e classe.

A performance 2017 445 faz uma homenagem às 445 pessoas mortas  em decorrência da LGBTfobia em 2017 na quinta-feira (28/6), às 17h. Na sexta-feira (29/6), também às 17h, o Bixa Freak Show mostra que festa também pode ser sinônimo de luta. A festa é comandada pela drag queen Melissa Babalu e promete muita música, dança, coreografia e glitter.

Coletivo Bixa Pare – Foto: Edi Oliveira

Bixaria Literária é um sarau que dá visibilidade a trabalhos literários feitos por pessoas LGBTs, criando um espaço para que os participantes sintam-se à vontade para compartilhar seus trabalhos com o público presente. O sarau-resistência acontece sábado (30), às 19h00.

Segundo Maria Gabriela Barros, coordenadora cultura da Oficina Cultural Alfredo Volpi, o Coletivo Bixa Pare é um dos grupos residentes na oficina e é de extrema importância fomentar o trabalho que é desenvolvido por artistas que frequentam o espaço. “A Ocupação tem um caráter de dar visibilidade aos trabalhos do grupo (Performance, Intervenção e Sarau) e e é importante dar voz a trabalhos que colocam questões LGBTQIA+ como desdobramento para a criação artística”, comenta.

Além disso, ela também reforça que a ocupação se faz importante por ser um trabalho de artistas que produzem na região da Zona Leste a partir de temáticas LGBTQIA+. “Neste mês, esses assuntos ganham maior visibilidade devido aos principais eventos na cidade (Marcha do Orgulho Trans de São Paulo, Caminhada Lésbica e Bissexual e a Parada do Orgulho LGBT) e, pela unidade estar numa região periférica da cidade, acreditamos na importância de levantar questões ligadas às minorias políticas e suas questões mais urgentes”.

Coletivo Bixa Pare – Foto: Edi Oliveira

Criado em 2017, os integrantes do Coletivo Bixa Pare já trabalharam juntos em diversas produções desde 2012, desenvolvendo atividades que partem da pesquisa a respeito do corpo bicha na sociedade. “É muito grande a diferença de ser e existir LGBT na periferia e no centro, mas quando começamos a ter o retorno dos participantes da oficina que ministramos entre janeiro e março na Oficina Cultural Alfredo Volpi, tivemos a certeza que deveríamos propor cada vez mais ações. Como residimos na oficina desde quando começamos, sabemos a importância de sempre dialogar com frequentadores do espaço e moradores das quebradas mais próximas que sempre trocam e afirmam a importância de trabalhos como esses circularem nas periferias”, conta Diego Castro, do Coletivo.

Conectado às iniciativas que discutem as desigualdades promovidas pela homofobia, Jorge Sandoval é jornalista e acredita que esses eventos trazem discussões necessárias para a sociedade. “A arte nos dá liberdade para assumir quem realmente somos e, também, para lutar pelos espaços que ainda são subjugados por uma sociedade homofóbica”, ressalta.

Andreia Avaredo, professora, reforça a importância de valorizar o trabalho de pessoas LGBTs, principalmente para apoiar a disseminação de projetos relevantes. “Existe muita coisa bacana escondida por conta do preconceito e da falta de espaço. Acho essencial que a sociedade esteja presente e valorize esse tipo de trabalho”, comenta.

Agenda

Performance: 2017 445
28/6. Quinta-feira, 17h às 18h.
Atividade gratuita sem necessidade de inscrição prévia.
Recomendação etária: 14 anos.

Bixa freak show
29/6. Sexta-feira, 17h às 18h.
Atividade gratuita sem necessidade de inscrição.
Recomendação etária: livre.

Sarau Bixaria Literária
30/6. Sábado, 19h às 21h.
Atividade gratuita sem necessidade de inscrição.
Recomendação etária: livre.

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Programação em Oficina Cultural debate o papel de trans e travestis

O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. De acordo com o ranking da ONG europeia Transgender Europe, entre 2008 e 2016 foram assassinadas no Brasil 868 pessoas trans, número três vezes maior que o do México, que ocupa o segundo lugar da lista. Esses são apenas os números oficiais, sem contar as mortes que não são contabilizadas como casos de transfobia.

Para ampliar os olhares e percepções sobre mulheres trans e travestis, a Oficina Cultural Alfredo Volpi e o Coletivo Corpo Aberto realizam diversas atividades para mostrar além dos estereótipos alimentados pelo senso comum. As atividades de Geração de mulheres: mulheres trans e travestis acontecem dias 7 e 9/6 e são gratuitas.

“A discussão desse tema precisa ganhar espaço em diversos equipamentos públicos, eventos como esse garantem que essas pessoas sejam ouvidas e respeitadas. Acreditamos que a cultura pode contribuir com este movimento de mudança”, conta Danielle Rocha, integrante do Coletivo Corpo Aberto.

E se Jesus vivesse nos tempos de hoje e fosse travesti? O evangelho segundo Jesus, rainha do céu é um monólogo com a atriz Renata Carvalho que traz Jesus ao tempo presente, na pele de uma travesti. “O Brasil é o país onde se mata mais travestis no mundo, e o segundo lugar mata três vezes menos. Precisamos falar sobre isso”, afirmou Renata Carvalho, atriz e protagonista do espetáculo, em entrevista ao Jornal do Comércio, em 2017. Histórias bíblicas conhecidas são recontadas em uma perspectiva contemporânea, propondo uma reflexão sobre a opressão e intolerância sofridas por transgêneros e minorias sociais. “A ideia é resgatar a essencia da mensagem de Jesus, que é uma afirmação da vida, amor, tolerância, solidariedade”, complementa Natalia Mallo, diretora da peça, em entrevista ao site Mídia NINJA, em 2017. A peça será apresentada na quinta-feira (7/6) às 20h.

Foto: Ligia Jardim/ Divulgação

A atriz Glamour Garcia apresenta em Auto-performance: teatro de si mesmo seu processo artístico, totalmente interligado com o lugar que ocupa no mundo e sua história. Na atividade que acontece sábado (9/6) às 17h30, os participantes aprendem a performar a partir de sua vivência e realidade.

A professora e escritora Amara Moira, em conjunto com a socioeducadora Brunna Valin, fala sobre a falta de pessoas trans nas escolas e universidades brasileiras, bem como a importância de ocupar esses espaços para transformar o imaginário popular sobre a população trans. “A gente ainda conta nos dedos quantas pessoas trans com doutorado existem no Brasil, e é preciso que estejamos mais dentro da lógica universitária, produzindo conhecimentos, não mais apenas como cobaias ou objetos de estudo”, declarou Moira em sua defesa de doutorado na Unicamp. A roda de conversa E se a professora fosse travesti? ocorre sábado (9/6) às 15h.

Encerrando a programação do sábado, às 19h30 a modelo e performer Mc Dellacroix realiza um pocket show na Oficina. A artista vem rimando no rap para incomodar, questionar e expor sua realidade marginalizada a partir da música.

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