“Cidades Invisíveis” apresenta esculturas, fotografias e vídeos que abordam as relações do homem com a cidade, tomando como ponto de partida o tempo presente
O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado, inaugura “Cidades Invisíveis“, do artista plástico brasileiro Luiz Martins, sob curadoria de Ian Duarte Lucas. A mostra – formada por esculturas, fotografias e vídeos – elege o tempo presente, mesmo que instantâneo, como tema, e se desenvolve a partir do livro homônimo de Ítalo Calvino. Atento à passagem do tempo, em especial acerca de como o indivíduo se relaciona com seus entornos – privado e coletivo -, nesta produção o artista busca uma poética dentro da relação homem-cidade, considerando vestígios esquecidos pelas ruas.
A cidade é cenário para importantes manifestações humanas, que se desdobram em suas entranhas. “Em constante mutação, o homem se insere neste novelo de passagem: passagem do tempo, que tudo transforma, e cria novos significados na memória de quem habita a cidade. E essa poética se manifesta pelos objetos que o homem cria e utiliza em suas mais diversas atividades“, comenta o curador. Em “Cidades Invisíveis“, Luiz Martins utiliza a linguagem tridimensional para abordar o espaço e suas novas possibilidades territoriais, restaurando e ressignificando o cotidiano pela aplicação do conceito de “semióforo” em objetos e fragmentos, os quais perdem o status de “coisa” e passam a transmitir energia e força afetiva.
Ao se deparar com a exposição “Cidades Invisíveis“, espera-se que o espectador entenda a potencialidade de cada objeto, os quais representam, em suma, os reflexos do drama interior do homem em sociedade. Espera-se que sentimentos da individualidade contemporânea se tornem visíveis através deste processo mental. Nos dizeres do curador: “O homem, enquanto um ser artista, é, antes de tudo, um ser sociável: se expressa na construção de diferentes diálogos com o seu tempo, a sociedade em que se insere e consigo mesmo. Materializar esta expressão na forma da obra de arte é a maneira mais sublime de contemplar a fugacidade destas relações. O esquecimento desfigura os vestígios que o homem produz, e cabe ao artista revelar a poética destes objetos, por meio de sua sensibilidade, ao perceber algo latente e revelador nas coisas mais simples do cotidiano, memórias de uma vida que o tempo implacavelmente apagou“.
“Guarda o Círio de Nazaré”, projeto de Soraya Montanheiro, retrata os fiéis envolvidos na liturgia que aproxima a Imagem Original da Nossa Senhora de Nazaré, entronada na Basílica de Belém (PA), à Imagem Peregrina, que sai em visitas a outros municípios e estados
O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado, exibe “Guarda o Círio de Nazaré“, da fotógrafa brasileira Soraya Montanheiro, sob curadoria de Juan Esteves. A mostra apresenta 45 fotografias realizadas a partir de 2013, as quais retratam fiéis envolvidos na liturgia que aproxima a Imagem Original da Nossa Senhora de Nazaré – única de origem amazônica e venerada na basílica do Santuário, em Belém (PA) – à Imagem Peregrina, confeccionada no final dos anos 1960 pelo escultor italiano Giacomo Vincenzo Mussner. Na ocasião da abertura da exposição, também será lançado livro de título homônimo, contendo o trabalho completo desenvolvido pela fotógrafa.
A atração de Soraya Montanheiro pelo ritual do Círio de Nazaré vai além de sua fé católica e de uma curiosidade por novas histórias. Desde sua primeira participação no evento, em Belém, ficou fascinada pela ação da Guarda do Círio, evidenciada na organização dos cortejos. “A Guarda da Nossa Senhora de Nazaré é composta por 2.000 homens voluntários, que acompanham a Imagem e trabalham por dias consecutivos durante os festejos do Círio de Nazaré, e pelas cidades em que a Imagem é levada. O objetivo do meu trabalho é o registro e pesquisa da atividade desses homens da Guarda de Nazaré“, comenta a fotógrafa. A partir de então, a autora seguiu a Imagem Peregrina por cidades como Rio de Janeiro e Niterói, pela região do Baixo Amazonas – como Terra Santa, Porto Trombetas, Juriti Velho, Óbidos, Santarém e Oriximiná. Por Viana, no Maranhão; Muaná, na Ilha de Marajó; e São José do Rio Preto, em São Paulo. Um caminho sustentado não apenas por sua crença mais pessoal, mas por uma complexa articulação profissional, resultando em uma intimidade com a temática, obtida sistematicamente nestes percursos que representam uma amplitude documental inédita.
O trabalho de Soraya Montanheiro é baseado na cobertura dos eventos anuais do Círio de Nazaré, em Belém, e nos deslocamentos da Imagem Peregrina – acontecimentos que evidenciam rituais e peculiaridades características. Ao abordarem uma grande diversidade de expressão religiosa, as imagens concretizam um trabalho de representação documental de uma fé elevada. Nas palavras do curador Juan Esteves: “Estas fotografias, que contornam a inefabilidade, nos trazem a certeza na percepção de que a manifestação perene dos devotos, expressa no culto a Nossa Senhora de Nazaré, nos conduz ao pensamento mais complexo e duradouro da fé cristã no Ocidente“.
Mais informações sobre o Círio de Nazaré e a Guarda do Círio
O Círio de Nazaré, em devoção a Nossa Senhora de Nazaré, é a maior manifestação religiosa Católica do Brasil e um dos maiores eventos religiosos do mundo. Reúne cerca de dois milhões de pessoas em todos os cultos e procissões. Em Portugal, é celebrado no dia 8 de setembro, na vila da Nazaré; e é celebrado, desde o final do século XVIII, na cidade de Belém do Pará, anualmente, no segundo domingo de outubro. Outras regiões, devido a migração de paraenses, acabaram criando as procissões para estarem mais próximos de Belém, mesmo que pelo ato de Fé. O Termo “Círio” tem origem na palavra latina “Cereus”, que significa “vela grande”. Desde 2013, é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Criada em 1974, a Guarda de Nossa Senhora de Nazaré é formada por homens que são voluntários católicos (as mulheres somente atuam na chamada Guarda de Apoio) com a missão de evangelizar, cuidar da Basílica e cuidar da Berlinda de Nossa Senhora de Nazaré e ajudar na organização das procissões. Além disso, a Guarda tem a tarefa de supervisionar a Praça Santuário durante a festividade Nazarena e em outras solenidades ocorridas durante o ano, zelando pela disciplina, segurança e respeito em relação à utilização do espaço, especialmente do Altar-Santuário, procurando sempre estar integrada com a sociedade ao realizar diferentes campanhas sociais com as comunidades.
SERVIÇO
Exposição: “Guarda o Círio de Nazaré“
Artista: Soraya Montanheiro
Curadoria: Juan Esteves
Abertura: 28 de junho de 2018, quinta-feira, às 16h00
O Museu de Arte Sacra de São Paulo estabeleceu parceria com o Estúdio Sarasá, reconhecido por seus projetos e intervenções na área de conservação, restauração e zeladoria de edificações históricas, tombadas ou não, do patrimônio imaterial, dos saberes e fazeres tradicionais. A parceria tem como objetivo não apenas divulgar as boas práticas de preservação, mas, também, atuar junto a outras instituições, viabilizando a perpetuação do Patrimônio Cultural.
O governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura do estado, considera missão da pasta zelar para que os bens históricos e culturais, testemunhos da vida e da história em nosso estado, sejam preservados para as gerações futuras, assim como colaborar com instituições de outros estados, compartilhando os conhecimentos do Museu. Desta forma, daremos continuidade a um dos objetivos principais da pasta: descentralizar as políticas culturais no estado, em consonância com a gestão do governador Marcio França.
Museu de Arte Sacra de São Paulo (Foto: Divulgação)
Destacam-se algumas ações em andamento:
Itanhaém-SP – Termo de Parceria com a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém
Desenvolvimento de projeto cultural perante leis de incentivo, que tem como objeto ações emergenciais na cobertura e fachada do Convento de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, para a estabilização e reabertura. Além disso, por intermédio do setor de conservação e restauro do Museu de Arte Sacra, serão conservadas imagens, dentre elas, uma de Nossa Senhora da Conceição, esculpida em barro, em 1520.
Santos-SP – Consolidação das Colunas do Coro da Igreja da Ordem Terceira do Carmo
Será realizada pela equipe técnica do Estúdio Sarasá, que também patrocinará a obra, com a anuência e participação do IPHAN e da Arquidiocese de Santos, mediante o Acordo de Cooperação Técnica estabelecido entre o MAS e a Irmandade da Ordem Terceira do Carmo.
Olinda e Recife-PE – Intercâmbio entre o Museu de Arte Sacra de São Paulo e o Museu de Arte Sacra de Pernambuco em conjunto com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco-FUNDARPE
O MAS-SP receberá técnicos pernambucanos responsáveis pela conservação e restauro do Museu para uma estadia no mesmo setor, em São Paulo, com o objetivo de tomarem conhecimento de atuais técnicas de preservação e práticas do MAS-SP. Na ocasião, a conservadora sênior realizará, com os técnicos, a consolidação da policromia de uma imagem. Em contrapartida, o Museu de Arte Sacra de São Paulo promoverá um curso pelo qual alunos viajarão para Recife e Olinda para visitação de monumentos religiosos, inclusive igrejas que encontram-se atualmente fechadas à espera de ações futuras de conservação e restauro.
Cachoeira do Sul-RS – Ação de acompanhamento e colaboração para a efetivação da constituição e instalação do Museu de Arte Sacra de Cachoeira do Sul
O projeto está sendo capitaneado pela Comissão Pro Museu de Arte Sacra, de Cachoeira do Sul, que firmou um Acordo de Cooperação Técnica com o MAS-SP.