O Museu Afro Brasil promove no próximo dia 8 de dezembro, às 12h, a abertura da exposição coletiva “Olhares Revelados”. Como sugere o nome da mostra, “Olhares Revelados” pretende desnudar aos olhos do espectador a arte da constante busca pelo sentido da imagem no fazer fotográfico. Algo que, segundo o curador da exposição, Silvio Pinhatti, se perdeu no século 21.
“Nos últimos anos, temos experimentado a cada instante um imenso crescimento da produção de imagens por multidões de celular em punho e redes sociais como o Instagram e o Facebook. Como é possível, num cenário como esse, valorizar a produção fotográfica e ressignificar o ofício do fotógrafo? Se hoje um senso comum afirma que ‘qualquer um’ pode produzir imagens – que vão se perder nas redes sociais num movimento praticamente sem autoria – como cristalizar a arte fotográfica com o cuidado, a atenção e o labor que ela merece? Como estender uma linha do tempo que faça jus a artistas tão fundamentais, que nos ensinaram que a fotografia é uma arte narrativa, memorável, imprescindível? Se tem se tornado tão banal a produção de imagens prolixas, é possível observar nelas uma frouxidão de sentido que sem dúvida não faz parte da fotografia como surgiu e se encorpou ao longo do século XX. Desse modo, é preciso que estejamos atentos aos artistas-fotógrafos que continuam zelando por essa arte.”
Silvio Pinhatti
“Olhares Revelados” reúne 87 fotografias de sete fotógrafos brasileiros: Andrea Fiamenghi, Eidi Feldon, Gil Rennó, Lucila de Avila Castilho, Paulo Behar, Pedro Sampaio e Tuca Reinés. Para além do ofício que une os sete profissionais, os artistas selecionados possuem em comum o afeto e a celebração do fazer fotográfico tal qual o mesmo se popularizou no século 20, buscando por meio da fotografia a beleza, a comunicação e a impressão de sentido à imagem.
SOBRE OS ARTISTAS
Andrea Fiamenghi
Nascida em São Paulo, Andrea Fiamenghi vive em Salvador, na Bahia, desde os quatro anos idade. Sua paixão pela fotografia a fez encontrar-se com a obra de Pierre Verger, grande fotógrafo e antropólogo francês, residente em Salvador. Do encontro com a obra e sob a influência do mestre, começa a retratar o povo nas ruas de Salvador e a desenvolver pesquisas. Na mostra “Olhares Revelados”, Andrea apresenta imagens da Cerimônia Águas de Oxalá e as festas do calendário religioso do Terreiro Iiê Axé Opô Aganju,
Eidi Feldon
Designer e fotógrafa, Eidi Feldon fez orientação de fotografia com Claudia Andujar nos anos 1970, e desde então sempre esteve de máquina em punho. Em “Olhares Revelados”, Feldon mostra registros da série “Thesaurus – O Lugar da Observância”, que reúne fotos que nos falam de um vestígio de tempo passado, mas também de um conjunto de circunstâncias do presente, que antevê os aspectos disruptivos de uma civilização que atravessa o seu momento mais pungente de deterioração ecológica.
Gil Rennó
Há quinze anos vivendo na Serra da Mantiqueira, Gil Rennó vem fotografando a fauna e a flora locais, sua gente, seu comércio e seus hábitos. Na exposição “Olhares Revelados” o artista apresenta fotografias de duas manifestações da cultura popular local cruciais para a população da Serra da Mantiqueira. São elas as comemorações da Festa de Treze de Maio no bairro do Quilombo em São Bento do Sapucaí, e a Via Sacra no município de Gonçalves (MG), em que a população faz uma peregrinação em volta da pedra do Cruzeiro.
Lucila de Avila Castilho
Nascida em São Paulo, em 1957, a artista é especialista em fotografia de viagem. Segundo o fotógrafo André Douek: “Na fotografia de Lucila identificamos os elementos, as estações e as criaturas. Estamos diante das cenas da gênesis”. Na exposição “Olhares Revelados”, Lucila apresenta imagens da Escócia, Chile, Itália e Islândia.
Paulo Behar
Com diversas fotos publicadas pela National Geographic e BBC Brasil, Paulo Behar procura registrar as belezas da natureza e vida selvagem, com um olhar que busque impactar e emocionar o espectador. Na mostra “Olhares Revelados”, o artista mostra fotografias da natureza selvagem encontradas em lugares como Chile, Cananéia (SP), Cubatão (SP), Pantanal do Rio Negro (MS), Poconé (MT), Barão de Melgaço (MT), Jardim (MS), Miranda (MS), Porto Jofre (MT)
Pedro Sampaio
Paulistano de 27 anos, acostumado à vida da metrópole e com formação multidisciplinar, Pedro Sampaio fotografa a resistência cultural dos que vivem à margem da globalização nos centros urbanos. Em suas viagens para Cuba, Irã, Líbano, países desacreditados pela imagem dos noticiários ou comunidades brasileiras isoladas da grande mídia, a fotografia lhe permitiu registrar aquilo que testemunhava
Tuca Reinés
O premiado fotógrafo Tuca Reinés exibe retratos feitos na aldeia de Jerusalém, província de Laikipia, centro do Quênia, África. Com cerca de 300 habitantes, a aldeia congrega três das principais etnias do norte do país: Samburu, Turkana e Borana.
A Pinacoteca de São Paulo apresenta, a partir de 8 de dezembro, a exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória, que ocupa três salas do 1º andar da Pina Luz. Com curadoria de Valéria Piccoli e Pedro Nery, curadores do museu, trata-se da maior exposição individual da artista em uma grande instituição no país. Reconhecida pelo enfrentamento de questões sociais que despontam da posição da mulher negra na sociedade contemporânea, a artista apresenta mais de 140 obras produzidas ao longo de vinte e cinco anos. A mostra encerra o ano dedicado às artistas mulheres na Pinacoteca.
Ao revolver o início de sua história pessoal, Rosana Paulino observa que o problema da representação dos negros traduz-se na sua quase ausência nos mais variados aspectos da vida dos brasileiros e na história, sobretudo na história das artes visuais. A artista surge no cenário artístico nos anos 1990 e se distingue, desde o início de sua prática, como voz única de sua própria geração, ao abordar de forma afiada temas socais, étnicos e de gênero. Questões perturbadoras no contexto da sociedade brasileira.
A produção de Paulino tem abordado situações decorrentes do racismo e dos estigmas deixados pela escravidão que circundam a condição da mulher negra na sociedade brasileira, bem como os diversos tipos de violência sofridos por esta população. A artista se vale de técnicas diversas – instalações, gravuras, desenhos, esculturas, etc – e as coloca a serviço do questionamento da visão colonialista da história que subsidia a (falsa) noção de democracia racial brasileira. Esses fundamentos embasaram o conhecimento científico e biológico dos povos e da natureza dos trópicos, contaminaram as narrativas religiosas até atingir o foro doméstico, servindo como eixo para a legitimação da supressão identitária dos africanos e africanas no Brasil.
A exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória reúne obras produzidas entre 1993 e 2018, como Bastidores (1997) e Parede da memória (1994-2015), decisivas do início de sua carreira. Estas remontam à sua narrativa pessoal e se apresentam como ponto de partida do percurso expositivo. Situadas na sala principal, a primeira traz, como no título, uma série de suportes para bordar com figuras de mulheres de sua família impressas em tecido cujos olhos, bocas e gargantas estão costurados, indicando o emudecimento imposto às mulheres negras, muitas vezes fruto da violência doméstica.
Parede da memória, que pertence à coleção da Pinacoteca, é composta de 1500 “patuás“ – pequenas peças usadas como amuletos de proteção por religiões de matriz africana – que traz onze retratos de família que se multiplicam, uma forma natural da artista investigar a própria identidade a partir de seus ancestrais. Antigas fotos de família são então transformadas em uma poética e poderosa denúncia sobre a invisibilidade dos negros e negras, que não são percebidos como indivíduos mas como um grupo de anônimos.
Na sala seguinte, estarão expostos vários conjuntos de desenhos, “um aspecto pouco abordado na obra de Rosana Paulino, mais conhecida pelas instalações e obras em gravura”, comenta a curadora Valéria Piccoli. Nesses desenhos, a artista revela sua fascinação pela ciência e, em especial, pela ideia da vida em eterna transformação. Os ciclos da vida de um inseto se aproximam nessas obras das mutações no corpo feminino, por exemplo. As séries de desenhos serão expostas junto da instalação Tecelãs (2003), composta de cerca de 100 peças em faiança, terracota, algodão e linha, que leva para o espaço tridimensional o tema da transformação da vida explorado nos desenhos.
A iconografia da natureza brasileira do século XIX – incluindo ilustrações científicas de plantas, animais e pessoas – também tem servido como fonte material para Paulino. Ao retrabalhar essas imagens, que circularam principalmente em livros de autoria de viajantes europeus, a artista investiga como a ciência, mas também a religião e as noções de progresso serviram como justificativa para a colonização, a escravidão e o racismo. Este interesse pode ser visto nas colagens feitas com impressões, gravuras e monotipias, A Geometria à brasileira chega ao paraíso tropical (2018) e Paraiso tropical (2017), que se encontram na terceira e última sala da exposição.
Junto a elas está a instalação Assentamento (2013), composta de figuras em tamanho real de uma escravizada retratada por Ausgust Sthal para a expedição Thayer, comandada pelo cientista Louis Agassiz. Essas imagens monumentais impressas em tecido, material predominante na prática mais recente de Paulino, são acompanhadas de vídeos e fardos de mãos. Os tecidos, suturados de forma grosseira, denunciam o trauma da escravidão e a necessidade de “refazimento”, como estratégia de sobrevivência, destes homens e mulheres que aqui aportaram. O título da obra, que encerra a exposição, traz um duplo sentido: é tanto a fundação de uma cultura, de uma identidade , quanto a energia mágica que mantém o terreiro, segundo as religiões de raiz africana. “É onde se encontra a força da casa, seu ´axé´, finaliza a artista.
“A figura que deveria ser uma representação da degeneração racial a que o país estava submetido, segundo as teorias racistas da época, passa a ser a figura de fundação de um país, da cultura brasileira. Essa inversão me interessa.”
Rosana Paulino
SOBRE ROSANA PAULINO
Nascida em São Paulo, em 1967, é Doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – Eca/USP, é Especialista em Gravura pelo London Print Studio, de Londres e Bacharel em Gravura pela Eca/USP. Foi bolsista do programa da Fundação Ford nos anos de 2006 a 2008 e Capes, de 2008 a 2011. Em 2014 foi agraciada com a bolsa para residência no Bellagio Center, da Fundação Rockefeller, em Bellagio, Itália e em 2017 foi vencedora do dos Prêmio Bravo e ABCA – Associação Brasileira dos Críticos de Arte, na modalidade Arte contemporânea. Possui obras em importantes museus tais como MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; UNM – University of New Mexico Art Museum, New Mexico, USA e Museu Afro-Brasil – São Paulo. Tem participado ativamente de diversas exposições, tanto no Brasil como no exterior, das quais se destacam a individual Atlântico Vermelho, no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, Portugal (2017) Mulheres Negras – Obscure Beauté du Brésil. Espace Cultural Fort Grifoon à Besançon, França (2014); e participações nas exposições coletivas: South-South: Let me Begin Again. Goodman Gallery, Cidade do Cabo, África do Sul (2017); Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca, Pinacoteca de São Paulo, SP (2015); Incorporations. Europália 2011, La Centrale Eletrique, Bruxelas, Bélgica; Roots and more: the journey of the spirits. Afrika Museum, Holanda (2009); IV Bienal do Mercosul, Rio Grande do Sul, RS; Côte à Côte – Art Contemporain du Brasil – Capcmusée d´Art Contemporain – Bordeaux, França.
O Museu da Casa Brasileira apresenta no dia 09 de dezembro, domingo, às 11h, o concerto “Tempo de Natal” com a Orquestra Pinheiros e o Coral do Esporte Clube Pinheiros.
Com intuito de celebrar o final de ano e encerrar a 19ª temporada do projeto Música no MCB, a orquestra executará um repertório em homenagem à felicidade, tendo como tema principal a composição “Ode à Alegria” (Ludwig van Beethoven – 9ª Sinfonia). O roteiro, a regência e a direção são de Murilo Alvarenga. Outras canções como “Noite Feliz (Sereno)”, de Luiz Inácio, e “Feliz Natal”, de Alvarenga & Ranchinho, fazem parte do repertório da apresentação.
Neste dia, o terraço do museu receberá 65 pessoas, divididas entre 33 músicos na orquestra e pianista, 27 cantores no coral, preparador vocal e o maestro. O show contará também com a participação especial das cantoras Ana Taglianetti, Catarina Mar e Rita Valente.
O Museu da Casa Brasileira e o Grupo FSN realizam em parceria a 9ª edição da Feira Sabor Nacional. O evento será nos dias 24 e 25 de novembro, sábado, das 10h às 20h, e domingo, das 10h às 19h, com entrada gratuita, e reunirá produtos sazonais produzidos por pequenos produtores de alimentos, bebidas e acessórios culinários.
Nesta edição, a Feira Sabor Nacional saúda a chegada do verão e do final do ano, destacando produtos elaborados com leveza, refrescância e voltados para a alimentação saudável. Além dos expositores, o evento conta com uma praça de alimentação e opções de gastronomia baiana, iguarias acreanas, dentre outras.
“Para novembro, a curadoria buscou ainda mais inovação e originalidade. Vamos trazer o colorido na estação mais quente do ano em produtos como biscoitos especiais, guloseimas adocicadas e molhos de mostardas e hortelã refrescantes.”
Elson Reys
Sócio do Grupo FSN
A fim de contextualizar a vocação para a arquitetura e o design, o Museu da Casa Brasileira contribui para temas como economia criativa e sustentabilidade. “Nesse sentido, promovemos iniciativas como a Feira Sabor Nacional que geram oportunidade de acesso e incentivam o contato direto entre os pequenos produtores e o consumidor final”, afirma a diretora geral do MCB, Miriam Lerner.
Programação
Sábado, 24 de novembro
– Das 12h00 às 14h00: Como ter uma horta de temperos orgânicos em casa – Silvia Jeha, Sabor de Fazenda
Na atividade os participantes aprenderão os segredos sobre o plantio e os benefícios dos temperos orgânicos. (20 vagas)
*as inscrições serão realizadas com os organizadores do evento no dia da atividade.
Domingo, 25 de novembro
– Das 14h00 às 16h00: Da mandioca à tapioca – Oquecabeaqui?
Oficina de feitura da tapioca, desde a mandioca até a mesa. Os participantes irão explorar a tapioca como suporte para criações artísticas, utilizando pigmentos naturais, estêncil e outras ferramentas para deixar suas marcas no alimento.
Público alvo: crianças de 3 a 10 anos. (20 vagas)
*as inscrições serão realizadas com os organizadores do evento no dia da atividade.
Expositores
Abra a Boca e Feche os Olhos, Aguzzo; A. Mar; Atelier de Terrine; Baiani Chocolates; Brutus Pimentas; Café Amorim; Café Campo Místico; Art & Richies; Casa do Bolo de Rolo; Casa Mantiva; Canoleria Brasil; Capril do Bosque; Castanharia; Cerâmica Fátima Moreira; Chef In Boss; Chimichurri Norba; Chrtistophe & Zeide; Delicari; Deliciss; Desenrolha; É Brownie; Elaine Doces; Empório Poitara; Fazenda Atalaia, Feito a Pão; Fruta Fina, Flor Gourmet; Funghi Caruso; Going Nuts; Gostoso e Fácil; Gin Arapuru; Goldy Alimentos; Jais Hand Made; Kika Ps; La Bottega di Nino; La Conserveria; Lowe; Maximo Boschi; MBee Mel; Montezuma Queijos; Obaatian, Objekti; O Chá Lá; Oficina Vovôio; Oliq Azeites; Origens Grechi; Pampa Alfajores; Pardinho Artesanal; Poppin’corn; Quitandarte; Quituteria Artesanal; Riccio Cucina; Rima; Rusti Cookies; Sacola Tropical; Santa Paula Queijaria; Sabor de Fazenda; Santo Cutelo; Tartuferia San Paolo; Taste Me, Tiê Cachaças; U!Dress; Vestra Panem; Xavante Carne de Lata.
Restaurantes/Food Bikes
Açucareiro da Nana; Caminhoneta; Casa Tucupi; Cervejaria Avós; Consulado Mineiro; Desenrolha; Dona Celina; Dourado de Amendoim e Cia; Fôrno; Guará Vermelho; Hospedaria; Jardim de Napoli; Los Compadres Cervejaria; Mercearia do Francês; Merengueria Santa Clara; Mocotó Aqui; Negroni Ricetta 45; Tabuleiro das Meninas; Verdô Sucos; Zalaz.