Tomoshige Kusuno e Grupo La Mínima estão entre os vencedores do Prêmio Governador do Estado 2018
Público escolheu Hangar 110, Circo Escola Diadema, Thereza Alves e outros seis vencedores da categoria “Voto Popular”; Eduardo Saron foi escolhido pelo júri na modalidade “Destaque Cultural do Ano”
Na noite de segunda-feira (26), a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo anunciou, em cerimônia realizada no Teatro Sérgio Cardoso, os vencedores do Prêmio Governador do Estado para a Cultura 2018. Criada como uma forma de valorizar e incentivar a produção cultural paulista, a iniciativa do Governo do Estado premiou artistas, companhias e instituições em nove categorias: arte para crianças, artes visuais, cinema, circo, dança, música, teatro, territórios culturais e instituições culturais, além do “Destaque Cultural do Ano”, que homenageou o gestor cultural Eduardo Saron.
Mestre em Administração e gestor cultural há 16 anos, Saron é diretor superintendente do Instituto Itaú Cultural e diretor da Associação Nacional de Entidades Culturais Não Lucrativas (ANEC). É também conselheiro do Museu de Arte de São Paulo (MASP), da São Paulo Companhia de Dança e membro do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) do Ministério da Cultura, além de vice-presidente executivo da Fundação Bienal de São Paulo. O gestor recebeu premiação no valor de R$ 100 mil em reconhecimento à sua trajetória profissional e por sua contribuição para a democratização do acesso, incentivo, difusão e valorização da arte e da cultura.
Na abertura da cerimônia, o secretário da Cultura do Estado, José Luiz Penna, saudou todos os artistas presentes, celebrou a escolha de Saron como homenageado e falou sobre a importância do prêmio. “Estamos em um dia de festa, mas também de resistência. A cultura é fundamental para enfrentar, com uma onda de alegria e criatividade, a situação atual do país”, declarou Penna.
Os vencedores escolhidos pelo júri especializado receberam, no total, R$ 580 mil em prêmios, o que faz da premiação uma das maiores do país no segmento cultural. Além da premiação em dinheiro, no valor individual de R$ 60 mil, os vencedores escolhidos tanto pelo júri quanto pelo voto popular receberam um troféu exclusivo confeccionado pela artista Edith Derdyk.
A votação popular foi realizada no site www.premiogovernador.sp.gov.br e contou com mais de 95,5 mil votos (a edição anterior contabilizou 71,3 mil).
Vencedores
Conheça os contemplados da edição 2018 do Prêmio Governador do Estado para a Cultura:
Escolhidos pelo júri especializado
Arte para Crianças: Lizette Negreiros
Artes Visuais: Tomoshige Kusuno
Cinema: Cinemateca Brasileira
Circo: Grupo La Mínima
Dança: Companhia de Danças de Diadema – “EU por detrás de MIM”
Música: Jonnata Doll & Os Garotos Solventes
Teatro: Lenise Pinheiro
Territórios Culturais: Coletivo Cultural Cenário Urbano
Escolhidos pelo voto popular
Arte para Crianças: Trupe Banana’s
Artes Visuais: Tomoshige Kusuno
Cinema: Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental
Circo: Circo Escola de Diadema
Dança: Cia. Discípulos do Ritmo
Música: Thereza Alves
Teatro: Grupo Caixa Preta de Teatro
Territórios Culturais: Hangar 110
Instituição Cultural (categoria eleita apenas por voto popular): Instituto Alfa de Cultura – Teatro Alfa
Bio dos vencedores
Arte para Crianças
[júri] Lizette Negreiros foi escolhida pela comissão julgadora. É responsável pela programação de teatro do Centro Cultural São Paulo, onde desenvolve projetos para o teatro infantojuvenil, recebe e coordena temporadas de grupos e artistas há mais de trinta anos. Foi presidente da Associação Paulista de Teatro para a infância e juventude – APTIJ, jurada de vários festivais de teatro e do Prêmio Femsa. No cinema, participou, entre outros, dos filmes “Eles não usam black-tie” (Direção de León Hirzman), “Vera” (Direção Sergio Toledo) e “A Hora da Estrela” (de Suzana Amaral).
[voto popular] Escolhida por votação popular com 44,4%, a Trupe Banana’s foi fundada em 2010 na cidade de Atibaia, interior de São Paulo. Com foco no público infantil, o grupo busca levar diversão e reflexão não só para as crianças, mas também aos adultos que as acompanham. Os espetáculos da Trupe são interativos e dinâmicos, quebrando a barreira entre palco para levar cultura e risadas para todo o país e todas as classes sociais.
Artes Visuais
[júri e voto popular] Tomoshige Kusuno foi o vencedor tanto pelo voto do júri especializado quanto pela votação popular, com 44,5% dos votos. Desenhista, pintor, artista visual, professor e gravador, foi parte do Núcleo de Arte de Vanguarda, em Tóquio, Japão, na década de 1950. Imigrou para o Brasil em 1960, onde trabalhou como orientador de atividades artísticas na Comunidade Yuba, além de participar ativamente de exposições que deram ao movimento artístico nacional e internacional condições de se desenvolverem. Já realizou 36 exposições individuais em diversos países e participou de diversas coletivas e salões.
Cinema
[júri] A Cinemateca Brasileira, escolhida pelo júri especializado, é um órgão vinculado à Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Criada em 1946, possui o maior acervo audiovisual da América do Sul e é responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira, além de documentação não fílmica da área, do acesso e da difusão deste acervo. Abriga 240 mil rolos de filme – cerca de 42 mil títulos – de obras de ficção, documentários, cinejornais, filmes publicitários e registros familiares produzidos desde 1913. O acervo não fílmico começou a ser constituído também em 1946 e reúne mais de um milhão de documentos.
[voto popular] Escolhida por votação popular com 36% dos votos, a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental é conhecida por fomentar discussões sobre os assuntos mais urgentes da atualidade, e promove exibições gratuitas em salas de cinema, espaços públicos, além de instituições culturais e de ensino. Desde sua primeira edição, em 2012, a Mostra Ecofalante e as atividades educativas da ONG já atingiram diretamente mais de 190 mil pessoas. Foram exibidos 424 filmes, de todos os continentes, em 26 cidades paulistas.
Circo
[júri] Grupo La Mínima foi o vencedor pelo júri especializado. A companhia de circo e teatro foi fundada por Domingos Montagner e Fernando Sampaio em 1997. O circo e a arte do palhaço de picadeiro conduzem o trabalho do grupo com um repertório de 14 espetáculos, sendo o último “Pagliacci”, de 2017, em comemoração aos seus 20 anos de história. Ao longo de sua trajetória já passou pelos mais renomados festivais nacionais e internacionais, como Festival Paulista de Circo, Festival de Curitiba, Festival Mundial de Circo de Demain, Teatralia e Festclown, e recebeu alguns dos mais importantes prêmios da categoria.
[voto popular] O Circo Escola de Diadema foi o escolhido pela votação popular, com 36,8% dos votos. Fundado em 2008 por um grupo de artistas circenses, técnicos e arte educadores, atualmente é o carro chefe da Associação Cultural e Educacional Circense Tápias Voadores. O resultado do trabalho pode ser visto no atendimento a 1800 pessoas nas faixas etárias de três a 80 anos, garantindo a perpetuação da arte circense nas suas diversas modalidades, por meio das suas nuances e estética. O Circo Escola de Diadema é uma referência desde as suas estruturas, qualificação técnica e parcerias com o poder público, colaboradores e sociedade civil.
Dança
[júri] Companhia de Danças de Diadema foi a escolhida pelo júri especializado. Criada em 1995 por Ivonice Satie, realiza espetáculos, oficinas, mostras e projetos de dança por todo o país. Desenvolve um programa que proporciona o acesso à linguagem da dança e das artes em geral, valorizando a inclusão cultural, incentivando a produção artística e fomentando o interesse de novas plateias, sempre com o apoio da Prefeitura do Município de Diadema e outros colaboradores. Os profissionais da Companhia, além de bailarinos, são também artistas orientadores, ministrando oficinas de danças de diversos estilos para os integrantes da comunidade local.
[voto popular] A Cia. Discípulos do Ritmo foi premiada pelo voto popular com 58,3% dos votos. A companhia de danças urbanas foi criada em 1999 pelo diretor por Frank Ejara e é o primeiro grupo brasileiro a trabalhar danças urbanas nas artes cênicas de forma híbrida e profissional. A intenção da companhia desde o princípio não foram os festivais competitivos e as batalhas de dança, mas a defesa das danças urbanas em prol das artes cênicas. A Cia. Discípulos do Ritmo tem em seu repertório espetáculos como “Tá Limpo”, “Fresta”, “Urbanóides 2.0”, “O Som do Movimento”, “Caixa Preta” e “Lemniscata”.
Música
[júri] A banda Jonnata Doll & Os Garotos Solventes foi a premiada nesta categoria pelo júri especializado. Surgida em 2009 em Fortaleza e residindo em São Paulo, a banda traz uma música baseada na subcultura punk e na biografia dos excluídos, mostrando rock em estado bruto. Seja nos palcos pelo Brasil – ou mesmo no teatro ou nas telas de cinema – a performance do quinteto é intensa e visceral, de quem desnuda a alma. Jonnata Doll andrógino, canta, dança, cai, arrasta-se no palco. Suas letras são ecos de literatura beat e de filmes de terror, amores perdidos, misturados a uma biografia de excessos.
[voto popular] Thereza Alves foi a vencedora pela votação popular, com 88,1% dos votos. Cresceu no bairro da Vila Rezende em Piracicaba e aprendeu a cantar junto da mãe, ouvindo os programas de rádio da Mayrink Veiga, Tupi e da Rádio Nacional. Com 15 anos, iniciou sua carreira artística na Rádio Difusora de Piracicaba, cantando em programas de calouro. Cantou na Rádio e TV Record de São Paulo, nos programas de Geraldo Blota e Iani Junior. Gravou o LP “Roda de Violeiros” em 1961 e um 78 rotações pela gravadora RCA Camden como prêmio musical da Rádio Bandeirantes. Apresentou-se ao lado de grandes nomes da música popular no Brasil e no exterior.
Teatro
[júri] Lenise Pinheiro foi a escolhida pelo júri especializado. Fotógrafa paulistana especializada em teatro, vem retratando, desde 1983, o que há de mais expressivo nos palcos brasileiros. Já trabalhou para José Celso Martinez Corrêa, Antunes Filho, Daniela Thomas, Antônio Araújo, Fauzi Arap, Enrique Díaz, Mário Bortolotto, Deborah Colker, Marco Antonio Rodrigues, José Possi Neto, Miguel Falabella, Marco Antonio Braz, Gabriel Villela, Marcelo Drummond, Gerald Thomas e muitos outros. Em suas exposições, manteve o foco no teatro, participando ao todo de 38 mostras, sendo oito coletivas e 30 individuais.
[voto popular] O Grupo Caixa Preta de Teatro foi o vencedor da votação popular com 86,2% dos votos. Fundado por Fernando Barbosa e Fabiano Muniz há 24 anos, o grupo produz atividades que potencializam e desenvolvem a educação e a cultura na Região do Vale do Ribeira, promovendo ações independentes de caráter sociocultural. O grupo já produziu cerca de 25 espetáculos e se apresentou por diversos estados do Brasil, tendo sido convidado em novembro de 2017 a produzir e dirigir o espetáculo “Romeu Ma Julieta – Uma Tragédia Crioula”, na cidade de Mindelo, Cabo Verde, para a abertura do 23º Mindelact – Festival Internacional de Teatro do Mindelo.
Territórios Culturais
[júri] Coletivo Cultural Cenário Urbano foi o escolhido pelo júri especializado. O grupo atua há 17 anos, realizando grandes e pequenos eventos, além de manifestações culturais como Consciência Negra e Aniversário do Bairro. Desde 2014 vem focando na reeducação ambiental, tendo a cultura como valorização do espaço. A grande mídia, prefeituras e até uma empresa de lixo urbano deram apoio, tendo visto no projeto um grande potencial de reunir famílias para falar de arte, de consciência ambiental e de como o lixo pode nos prejudicar. Os eventos realizados pelo Coletivo Cultural Cenário Urbano contam sempre com a participação de todos os presentes.
[voto popular] O Hangar 110 foi o escolhido pelo voto popular com 43,4% dos votos. Foi inaugurado em outubro de 1998, com o intuito de abrir espaço para o cenário artístico underground. Além de shows de música alternativa, o espaço sediou palestras, exposições de fotos e feiras de gravadoras independentes, entre outros eventos. O Hangar tornou-se uma referência do rock nacional e internacional – passaram por seu palco nomes como Ratos de Porão, Inocentes, Cólera, Titãs, Raimundos, CPM 22, NX Zero, Dead Fish, Marky Ramone, CJ Ramone e Ritchie Ramone, Shelter, Toy Dolls e New York Dolls. Foram mais de 9000 shows em 19 anos de atividades.
Instituição Cultural
[voto popular] Única categoria eleita somente por júri popular, o Instituto Alfa de Cultura foi o vencedor da noite, com 45% dos votos. A instituição privada e sem fins lucrativos, que administra o Teatro Alfa, tem 20 anos de existência. O teatro foi pioneiro na oferta de espetáculos culturais diversificados e de alta qualidade. Além de produzir e receber espetáculos de dança, teatro infantil, música e teatro musical, o instituto desenvolve amplo trabalho com as escolas e ONGs do entorno. As crianças e jovens são convidados a assistir e participar de programas que visam aproximá-los das artes cênicas, tanto do ponto de vista técnico quanto artístico.