Memorial da América Latina promove ação cultural na Galeria Marta Traba para refletir sobre a extinção de línguas indígenas
Ação cultural Línguas Ameríndias – Ontem, Hoje e Amanhã, propõe uma reflexão sobre a importância das línguas milenares dos povos originários da América; abertura acontece dia 10 de setembro, com mesa de debate e um ritual de toré
O Memorial da América Latina inaugura no próximo dia 10 de setembro, às 19h, na Galeria Marta Traba, a ação cultural Línguas Ameríndias – Ontem, Hoje e Amanhã. Idealizada pelo Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (Cbeal), a ação traz uma série de eventos que buscam despertar a reflexão sobre a extinção de línguas milenares dos povos originários do nosso continente e a importância de preservá-las.
A ideia de ação cultural vem justamente por não se tratar de uma exposição ou mostra sobre o tema, mas de um convite à reflexão e à intervenção no que diz respeito à extinção dessas línguas ameríndias. A programação integra o calendário do Ano Internacional das Línguas Indígenas, instituído pela Assembleia Geral da ONU, com articulação da Unesco, com o objetivo de estimular o debate sobre a conscientização da preservação de línguas indígenas, muitas delas em risco de extinção.
Na abertura, haverá um toré (ritual indígena que une dança, religião, luta e brincadeiras), seguido da mesa “Línguas Ameríndias – Ontem, Hoje e Amanhã”, com a professora Briseida Dogo de Resende (Instituto de Psicologia da USP, integrante da Rede de Atenção à Pessoa Indígena); o professor Angel Humberto Corbera Mori (Unicamp, especialista em línguas ameríndias); e o professor colombiano Fernando Torres-Londono (PUC-SP, historiador e especialista em Popol Vuh).
Espaço expositivo
Na Galeria Marta Traba, um espaço circular de mil metros quadrados, o visitante encontra painéis com textos explicativos, imagens, infográficos, mapas e objetos relacionados às mais diversas línguas ameríndias. Entre elas, as línguas náhuatl (falada pelos astecas e os atuais nahuas, no México), quiché (um dos dialetos de origem maia falado na América Central), quechua (língua andina dos incas) e yawalapíti (idioma de origem arawak de um pequeno povo do Parque Indígena do Xingu, no Brasil central).
Entre os objetos expostos, um dos destaques é o fac-símile do Códice Burbónico, pertencente à Biblioteca do Memorial. Trata-se de um livro ancestral na peculiar escrita nahua, feita de símbolos e hieróglifos, cuja decifração até hoje não se completou. O original foi encontrado pelos espanhóis perto de Tenochtitlan (atual cidade do México).
Outro objeto curioso presente na mostra é um quipo artístico, desenvolvido pelo artista peruano Adrián Ilave. Inspirado nos quipos tradicionais dos povos andinos, o artista criou um quipo colorido de três metros de altura, que estará suspenso. Um quipo é uma “escrita” ao mesmo tempo tridimensional e visual, uma forma engenhosa desenvolvida pelos incas para contabilizar os inventários, a tributação, os dados de engenharia, o exército, a população, a produção agrícola.
Audiovisual
As trinta fotos dos yawalapítis são de autoria do fotógrafo, documentarista e indigenista Renato Soares, que desde 1986 percorre o país fotografando a cultura, arte e biodiversidade brasileiras. Em 2011 publicou pela revista Scientific American Especial o trabalho Xingu 50 anos. Ele desenvolve, atualmente, o projeto Ameríndios do Brasil, que pretende registrar as quase 300 nações indígenas do país.
A ação contará também com uma mostra de filmes indígenas, com curadoria da professora boliviana Yanet Aguilera (Unifesp). Não se trata, contudo, de filmes indigenistas (feitos sobre índios por não índios), mas filmes feitos pelos próprios indígenas sobre eles mesmos. Também serão exibidos, diariamente, documentários sobre a temática.
As imagens das civilizações mesoamericanas (nahua e maia) e andina (quechua) são reproduções da coleção do The Cleveland Museum of Art e do Repertório do Ministério de Relações Exteriores do Equador. As réplicas de estatuário e utensílios originais foram cedidas pelos Consulados do México e do Equador e pelo acervo do Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro, do Memorial da América Latina.
Serviço:
Línguas Ameríndias – Ontem, Hoje e Amanhã
Ação cultural integrante do Ano Internacional da Língua Indígena, da UNESCO
Abertura: 10 de setembro, 19h
Período: 10 a 29 de setembro de 2019
Segunda a sexta, das 9h às 21h
Sábado e domingo, das 9h às 18h
Galeria Marta Traba | Portões 2 e 5
Entrada gratuita
Classificação livre