Realizada em parceria com o Musée de la Musique – Philharmonie de Paris, a exposição é apresentada pela primeira vez fora da França e traça um panorama sobre o universo do gênero musical no cinema
Em novembro, o MIS – instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – apresenta sua nova exposição: Musicais no cinema. Concebida pelo Musée de la Musique – Philharmonie de Paris, a mostra traça um panorama sobre o universo do gênero musical no cinema nacional e internacional, desde os primórdios do cinema musicado até obras recentes, como o premiado La La Land (2016) e Rocketman (2019), cinebiografia de Elton John. A exposição fica em cartaz de 13 de novembro de 2019 a 16 de fevereiro de 2020. Os ingressos já estão a venda na recepção do MIS e no site Sympla, onde podem ser adquiridos sem taxa de conveniência.
A partir de fotografias, vídeos, cartazes, documentos de produção, figurinos e depoimentos, a mostra reúne filmes musicais de diferentes partes do mundo, destacando marcos para o gênero, como Cantando na chuva (1952), Amor, sublime amor (1961) e Dançando no escuro (2000). Musicais no cinema ainda destaca figuras importantes do gênero como Fred Astaire, Jacques Demy, Julie Andrews, Cyd Charisse e John Travolta.
A curadoria do Musée de la Musique é do pesquisador N. T. Binh, enquanto Duda Leite assina a curadoria brasileira. O jornalista e cineasta foi responsável pela adaptação para o MIS, acrescentando espaços e conteúdos inéditos baseados na cultura brasileira, como Esse mundo é um pandeiro, dedicado às chanchadas – subgênero bastante característico da produção audiovisual do Brasil, e uma área que homenageia a atriz e cantora Carmen Miranda.
Dividida em mais de 20 áreas, Musicais no cinema traz entre os destaques uma seção da clássica canção Singing in the rain em diversos filmes nada óbvios. Desde Natalie Portman aos 13 anos ao lado de Jean Reno em O profissional (Léon, 1994) de Luc Besson, até a animação Robôs [Chris Wedge, 2005], a música inesquecível do filme de Stanley Donen e Gene Kelly, encontrou até o cinema brasileiro, em cena do último filme do cineasta Hector Babenco. Já na seção Ghost singers o público conhece as vozes originais de algumas produções. Através de um sistema interativo, o visitante pode escolher alternadamente ouvir a voz original da atriz ou a voz da cantora que a dublou como em My Fair Lady entre Audrey Hepburn e Marni Nixon ou em Cantando na chuva, entre Debbie Reynolds e Betty Noyes. Já na sala Cine musical os visitantes podem assistir cenas icônicas dos filmes musicais como Grease (Randal Kleiser, 1978), Billy Elliot (Stephen Daldry, 2001), Carmen (Carlos Saura, 1983) e Bande à Part (Jean-Luc Godard, 1964).
Mais de 200 filmes de diferentes partes do mundo estão contemplados na exposição que conta com acervo da Philharmonie de Paris, do Acervo Marc Wanamaker|Bison Archives (EUA), itens originais do acervo do MIS e de coleções parceiras como Cinemateca Brasileira, FAAP, Museu Carmen Miranda, do Rio de Janeiro, entre outras, incluindo acervos particulares como do diretor Roberto Farias (1932-2018), responsável pela direção dos musicais estrelados pelo cantor Roberto Carlos. Dentre os itens, a mostra apresenta cartazes, vídeos, documentos de produção, figurinos, curiosidades sobre as montagens, tanto do ponto de vista técnico como estético, além de depoimentos gravados exclusivamente para a exposição no MIS.
A mostra ocupa os dois pavimentos expositivos do MIS e conta com uma extensa programação paralela que envolve mostras de cinema, cursos, workshops, palestras e atividades infantis. Já estão abertas as inscrições para o curso A história da música no cinema (9 a 17 de dezembro), que em quatro encontros aborda a função da música no cinema, especialmente no gênero musical.
Adaptação brasileira
Inédita fora da França, a exposição Musicais no cinema ganhou uma adaptação em sua versão que será apresentada no MIS. Além de um novo projeto arquitetônico, assinado pela Caselúdico – parceira do MIS em mostras como O mundo de Tim Burton, Castelo Rá-Tim-Bum – a exposição e Quadrinhos – a mostra conta com novos espaços em sua versão brasileira.
“A adaptação curatorial da exposição Musicais no cinema pretende apresentar um amplo painel da produção de filmes musicais produzidos no Brasil, desde 1927 até 2019, com destaque especial para alguns movimentos e estúdios cinematográficos como a Atlântida”, diz Duda Leite.
O auge das famosas e carnavalescas “Chanchadas”, produzidas principalmente nas décadas de 1940 e 1950, eram esnobadas pelos críticos de cinema da época e adoradas pelo público, que lotava as salas de cinema para ver nomes como Grande Otelo, Oscarito, Vera Regina, Adelaide Chiozzo, Emilinha Borba, José Lewgoy, Ankito, Anselmo Duarte, Ivon Curi, entre muitos outros. O público terá a ótima oportunidade de redescobrir chanchadas clássicas dirigidas por mestres como Watson Macedo, Lulu de Barros, Vitor Lima, Carlos Manga e J.B. Tanko, entre outros.
“Carmen Miranda, a ‘brasileira mais famosa do século XX’, tem um espaço dedicado só a ela, com exibição de trechos de seus musicais clássicos como Entre a loura e a morena (1943), de Busby Berkeley, e Uma noite no Rio (1941), de Irving Cummings, além de uma seleção especial de objetos usados nos filmes e itens pessoais, entre eles um dos seus icônicos turbantes, cedidos pelo Museu Carmen Miranda”, explica Duda.
O Cinema Novo, o primeiro movimento moderno do Cinema nacional também teve uma relação muito próxima à música. Um dos primeiros filmes de Cacá Diegues foi Quando o Carnaval chegar (1972), uma espécie de “chanchada tropicalista” estrelada por Maria Bethânia, Chico Buarque e Nara Leão. Ainda do Cinema Novo, a exposição regata clássicos como Brasil ano 2000 (1968) e A lira do delírio (1978) ambos de Walter Lima Jr.
A partir do final da década de 1960, o cinema brasileiro descobriu o filão dos “filmes feitos para jovens”, sempre com números musicais com os astros da sua época. Uma das sessões da exposição será dedicada a estes filmes. Entre eles, estão os filmes “new wave” dos anos 1980, que retratavam a cena do rock brasileiro, como a trilogia de Lael Rodrigues Bete balanço (1984), Rock estrela (1986) e Radio pirata (1987), além de Areias escaldantes (1985) de Francisco de Paula, com participações dos Titãs e de Lobão e os Ronaldos.
Uma prova de que os musicais no cinema continuam mais atuais do que nunca, são os chamados “biopics” ou “cinebiografias”, que estão entre os maiores sucessos do cinema nacional contemporâneo. Filmes como Elis (2016) de Hugo Prata, Tim Maia (2014) de Mauro Lima, e Simonal (2018) de Leonardo Domingues resgatam nomes fundamentais da história da música popular brasileira.
Caravanas e visitas mediadas pelo Educativo
Os interessados em agendar visitas em grupo para a exposição podem acessar o link e marcar seu horário entre quarta-feira e domingo. As turmas devem ter entre 10 e 45 pessoas.
Já o público que deseja realizar uma visita mediada pelo Educativo do MIS pode acessar o formulário no site do MIS. Cada horário contempla grupos de 10 a 40 pessoas e a visita tem duração de 90 minutos.
Alguns filmes que estão na exposição
- O picolino (Top Hat, 1935)
- O mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939)
- Núpcias reais (Royal Wedding, 1951)
- Cantando na chuva (Singin’in the rain, 1952)
- Amor, sublime amor (West Side Story, 1961)
- Minha bela dama (My Fair Lady, 1964)
- Mary Poppins (1964)
- The Beatles: Help! (1965)
- A noviça rebelde (The Sound of Music, 1965)
- Duas garotas românticas (Les Demoiselles de Rochefort, 1967)
- Aristogatas (The Aristocats, 1970)
- Cabaret (1972)
- The Who: Tommy (1975)
- Os embalos de sábado à noite (Saturday Night Fever, 1977)
- Grease: Nos tempos da brilhantina (Grease, 1978)
- O show deve continuar (All That Jazz, 1979)
- Hair (1979)
- Michael Jackson: Moonwalker (1988)
- A bela e a fera (The Beauty and the Beast, 1991)
- Billy Elliot (2000)
- Dançando no escuro (Dancer in the Dark, 2000)
- Moulin Rouge (2001)
- 8 mulheres (8 femmes, 2002)
- Sweeney Todd (2007)
- Mamma Mia! (2008)
- O artista (The artist, 2011)
- Frozen (2013)
- Sing! Quem canta seus males espanta (Sing, 2016)
- La La Land (2016)
- Rocketman (2019)
Sobre os curadores
T. Binhé professor sênior de estudos de cinema na Universidade de Sorbonne em Paris, especialista em musicais de Hollywood e membro do comitê editorial da revista Positif. N. T. Binh também foi curador da exposiçãoMúsica & Cinema, casamento do século? em 2013, um dos os maiores sucessos da Cité de la Musique.
Duda Leite Graduado em cinema pela FAAP, Duda Leite cobriu os festivais de cinema mais importantes do mundo, onde entrevistou personalidades como Catherine Deneuve, Mick Jagger, Pedro Almodóvar e Isabelle Huppert. Apresentou e dirigiu o programa Eurocurtas, dedicado a exibição de curtas metragens, do Eurochannel. Em 1994, dirigiu seu primeiro curta-metragem Serial Clubber Killer vencedor do primeiro Festival MIX Brasil. Em 2010 lançou seu primeiro longa-metragem Tikimentary, selecionado para a Mostra de Cinema de São Paulo. Desde 2013 é curador do Music Video Festival, maior festival dedicado ao universo do vídeo clipe no Brasil.
Sobre o Musée de la Musique – Philharmonie de Paris
Parte integrante do projeto cultural da Cité de la Musique, concebida por Christian de Portzamparc, o Musée de la Musique, aberto ao público em 1997, é muito mais do que um espaço para a conservação de antigos instrumentos musicais. Abriga uma das mais prestigiosas coleções musicais do mundo, e se dedica principalmente à música no sentido amplo, à sua história e às suas práticas; trata-se de uma instituição viva, animada por projetos culturais interessantes e inovadores.
O Museu é, antes de tudo, um espaço vivo que procura disponibilizar seu acervo ao maior número de pessoas. Nele, curadores, restauradores e professores aprofundam o contato do público com seu patrimônio musical. A programação é rica em concertos e projetos pedagógicos que se baseiam na experiência direta e sensível da música. Paralelamente, o Museu desenvolve uma pesquisa especializada sobre a história artística, social e técnica dos instrumentos, o que lhe confere o papel de fomentador da rede de coleções públicas francesas no âmbito musical.
As exposições temporárias do Musée de la Musique, em grande parte inéditas, constituem mais um marco da sua vida cultural. Temáticas ou históricas, dedicadas a grandes figuras musicais (de Beethoven a Bowie) ou artísticas (de Chagall a Marclay), favorecem o encontro das disciplinas e das problemáticas culturais. Desse modo, o patrimônio cultural se transmite em seus mais nobres valores: a profundeza da história, a universalidade das emoções que a música propicia e o papel decisivo que esta pode ter na construção social do indivíduo.
Em 2015, o projeto da Cité de la Musique sofreu uma importante mutação, relacionada à abertura de um novo prédio, projetado por Jean Nouvel, que inclui um grande auditório para orquestra sinfônica e amplos espaços para exposições e programas educativos. Assim, nasceu uma nova instituição – a Cité de la Musique – Philharmonie de Paris –, com dimensão internacional ainda maior. Beneficiando-se dessa dinâmica, o Museu se estabelece em espaços mais amplos e se desenvolve com objetivos mais claros: eliminar eventuais barreiras com o público, promover a transição digital, assegurar a acessibilidade para pessoas com deficiências e intensificar a programação a serviço da emoção artística.
Serviço
MUSICAIS NO CINEMA
Data 13 de novembro de 2019 a 16 de fevereiro de 2020
Horário Terças a sábados, das 10h às 20h (com permanência até 22h); domingos e feriados, das 10h às 19h (com permanência até 21h)
Ingresso R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia). Ingressos antecipados no site da Sympla.
Entrada gratuita às terças-feiras e para crianças até cinco anos
Classificação indicativa Livre
Museu da Imagem e do Som – MIS
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo| (11) 2117 4777 | www.mis-sp.org.br
Estacionamento conveniado: R$ 18
Acesso e elevador para cadeirantes. Ar condicionado.