Futebol da Quebrada ocupa o Museu do Futebol entre setembro e outubro
Mantido em campos de periferia, o futebol das comunidades recebe programação especial, incluindo campinhos virtuais de terrão e asfalto e atividades referentes à Taça das Favelas
Na maior parte do tempo longe dos holofotes, o futebol segue sendo praticado nas periferias brasileiras não apenas como esporte, mas como elo que mantém unidas as comunidades locais. Além disso, sempre revelou craques do futebol brasileiro. É por sua importância social e esportiva que a prática ganha uma programação especial no Museu do Futebol, em São Paulo, entre 14 de setembro e 13 de outubro, em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA).
Sob o nome Futebol da Quebrada, a programação terá exposição das Taças das Favelas e lançamento do álbum de figurinhas da competição; mostra de filmes sobre o futebol de várzea, bate-papo integrado à programação do 10º Cinefoot, instalação com 72 camisas de times de várzea, além de exibição de material inédito sobre o Campo de Marte, recolhido pelo Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB) do Museu. Instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, o Museu do Futebol tem um longo histórico de pesquisa e registro do futebol praticado na periferia.
Realizada pela primeira vez esse ano em São Paulo, a Taça das Favelas, organizada pela CUFA e produzida pela InFavela, foi um fenômeno: envolveu milhares de jovens moradores de favelas e periferias, em uma competição acirrada tanto no masculino quanto no feminino. A final lotou o Estádio do Pacaembu e foi transmitida pela TV Globo para a Grande São Paulo, com grande audiência.
O lançamento do álbum da competição com os times participantes, tanto masculinos quanto femininos, acontece no dia 14 (sábado) às 10h, com alguns atletas presentes. Na mesma data, tem início a exposição dos troféus, cedidos pelos times vencedores nas duas modalidades: Parque Santo Antônio no masculino e Complexo Casa Verde no feminino.
Ao lado de onde os troféus serão exibidos, os famosos campinhos virtuais do Museu do Futebol também vão mudar de cara para representar a diversidade do futebol praticado na periferia: ele alternará entre chão de barro, de asfalto e de grama sintética, solo cada vez mais comum nos campos das quebradas. Completa a experiência a exibição em formato digital de fotos de campeonatos e times de várzea do acervo do Museu, fruto de pesquisas do Centro de Referência do Futebol Brasileiro.
No telão da Sala Jogo de Corpo, os visitantes poderão assistir ao documentário “Taça dos Sonhos”, produzido pela TV Globo e que retrata a primeira edição paulista da Taça das Favelas. Além dele, uma seleção de filmes sobre futebol varzeano, de 14 de setembro a 13 de outubro – veja os títulos abaixo. Entre os filmes exibidos, foram incluídos títulos que tratam especificamente do futebol feminino nas periferias – tem que se conectar à exposição temporária “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol”, em cartaz no museu até 20 de outubro.
No dia 14 de setembro (sábado), às 16h, haverá bate-papo com os diretores dos documentários Made in várzea, Rodney Suguita; e Futebol é coisa de mulher? as dificuldades das meninas que jogam na várzea, Alexandre Putti. Participam também a fundadora da liga feminina de Futebol Amador, Maria Amorim, além de Silvani Chagas, do Perifeminas F. C.
PROGRAMAÇÃO
LANÇAMENTO DO ÁLBUM DE FIGURINHAS DA TAÇAS DAS FAVELAS
14/9, sábado, às 10h
Área externa do Museu do Futebol
EXIBIÇÃO DOS TROFÉUS DAS TAÇAS DAS FAVELAS
EXIBIÇÃO DE CAMISAS E FOTOGRAFIAS DE TIMES DE VÁRZEA
CAMPINHOS VIRTUAIS DE TERRÃO E ASFALTO
De 14/9 a 13/10, de terça a domingo, das 9h às 17h.
EXIBIÇÃO DE FILMES
14/9 A 13/10, de terça a domingo, das 9h às 17h
Exibição de curtas, documentários e filmes em longa metragem sobre futebol de várzea no telão do espaço. A programação varia a cada semana. Confira no site.
Sala Jogo de Corpo
FILMES
Taça dos Sonhos (2019, Andrea Cavalheiro, 40″ – Documentário)
Documentário feito e exibido pela TV Globo sobre os bastidores da Taça das Favelas de São Paulo, competição que mobilizou jovens jogadores e comunidades inteiras.
Preto contra Branco (2004, Wagner Morales, 60″ – Documentário)
O filme discute o preconceito racial no Brasil, usando como referência um clássico do futebol de várzea entre moradores de dois bairros periféricos de São Paulo. Desde 1972, um grupo de moradores do bairro de São João Clímaco organiza um jogo de futebol de brancos contra pretos no final de semana que antecede o Natal. Em uma comunidade altamente miscigenada, composta basicamente por mulatos, a peculiaridade da partida é a auto-atribuição da raça pelo participante.
Açucena (2013, Vinícius Soares, 6″ – Documentário)
Narra através de fotos e filmes a trajetória do Açucena Atlético Clube, time de várzea do bairro do Limão dos anos 1950 e 1960.
Campeões da Várzea (2017, Cristtian Raas e Gustavo Sani, 12”30’ – Documentário)
A comunidade do Jardim Dorotéia recebe anualmente o campeonato de futebol amador Super
Copa Pioneer, mobilizando toda a região e milhares de varzeanos. Acompanhamos os
capitães, organizadores e torcedores envolvidos na final desta competição, que entre
aspirações e realidades, transformam o futebol de várzea um grande espetáculo.
Contos da várzea (2007, Diego Viñas; Rafael Dantas; Renato Rogenski;Tony Marlon, 23″ – Documentário)
As diversas facetas da prática do futebol varzeano em São Paulo.
Sou favela (2017, Alex Miranda, 76″ – Documentário)
O AEC Favela Futebol Clube é um time de várzea formado em 1996 no bairro do Jardim Miragaia, Zona Leste de São Paulo. Ao passar dos anos a comunidade começou a fazer parte da rotina do time nas ações sociais realizadas, se tornando uma grande família.
Futebol de várzea (2011, Marc Dourdin, 82″ – Documentário)
O documentário apresenta o universo fascinante do futebol amador em São Paulo. Um time de futebol, um ábitro exclusivamente de várzea, um ex-jogador profissional, com passagem pelo futebol varzeano, e um jogador jovem em busca do sonho de se profissionalizar, conduzem este filme que retrata o maravilhoso universo do futebol não-profissional.
Várzea: a bola rolada na beira do coração (2009, Akins Kinte, 39″ – Documentário)
Mostra os bastidores desta articulação comunitária, toda a movimentação que existe por trás de um brasão de time de comunidade, desde a organização das torcidas até simples atividades, como a limpeza dos fardamentos das equipes.
Mulheres do Progresso: muito além da várzea (Jamaikah Santarém, DoLadoDeCá, 15″ – Documentário)
O filme retrata a vida das personagens Marcia Piemonte, Sindy Rodrigues, Tianinha Santos e Sandra Aparecida Pereira, mulheres que vivem em diferentes comunidades de São Paulo e que tem em comum o amor e dedicação pelo futebol de várzea. Diretora, Presidenta, Mesária e Secretária são algumas das funções que essas mulheres executam dentro da Várzea e que não se limita ao futebol.
Made in Varzea (Rodney Suguita, 15 – Documentário)
Décadas depois de revogada a proibição do futebol feminino, a luta das mulheres por espaço segue como um desafio. O filme mostra os jogos de várzea protagonizados por mulheres, acompanhando o cotidiano de duas jogadoras. A motorista de ônibus Yolanda e a esteticista Flávia driblam o machismo, usando o esporte como uma forma de libertação.
Pelada, Futebol na Favela (2013, Trator Filmes, 98″ – Documentário)
O filme retrata a garra dos garotos com a bola no pé, a paixão dos torcedores na beira do campo e todo o universo que envolve o cotidiano das peladas. Conta com depoimentos marcantes de campeões que vieram das comunidades, descobriram seus talentos nas peladas e conquistaram o mundo.
Várzea: o futebol da minha quebrada (2017, Stéphane Darmani/La Vista Produções/ESPN,
56″ – Documentário)
Narrado pelo protagonista Barba, diretor da bateria do Noroeste Futebol Clube, o documentário acompanha a temporada 2013 do time na Copa Kaiser, o principal campeonato
de futebol amador do Brasil, no qual competem 192 times.
Futebol é coisa de Mulher? (Alexandre Putti/Carta Capital, 8″)
Apesar do sucesso da Copa do Mundo da França de futebol feminino, a modalidade ainda sofre com a falta de incentivo, de infra-estrutura e com o preconceito mesmo no profissional. Na várzea a situação é ainda mais difícil. Maria Amorim, jogadora do Apache em São Paulo, é uma das mulheres que batalham para a realização de jogos e campeonatos, para provar que futebol é sim coisa de mulher.
Histórias da Várzea: o Campo de Marte – série de 3 episódios (2018, CRFB/Museu do Futebol, 33″)
A série retrata a diversidade dos times que jogam no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo. Com depoimentos de jogadores, fundadores e outros personagens que atuam há décadas no local.
BATE-PAPO “DA VÁRZEA PARA O CINEMA”
14/9 Sexta às 16h
Bate-papo com os diretores dos documentários Made in Várzea, Rodney Suguita; e Futebol é coisa de mulher? As dificuldades das meninas que jogam na várzea, Alexandre Putti; além das participações de Maria Amorim, fundadora da Liga Feminina de Futebol Amador, e Silvani Chagas, do Perifeminas F.C.
Evento gratuito, não sendo necessária a inscrição prévia
Auditório Armando Nogueira (capacidade 174 lugares + 4 cadeirantes)
Programação sujeita a alterações. Consulte o site museudofutebol.org.br
Sobre o Museu do Futebol
O Museu do Futebol está instalado em uma área de 6,9 mil metros quadrados sob as arquibancadas do Estádio do Pacaembu. É um espaço interativo, lúdico e multimídia, no qual a história do esporte mais popular do Brasil se confunde com a própria história do país.
O Museu do Futebol é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura de São Paulo, com concepção e realização da Fundação Roberto Marinho. Pertence à rede de museus da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo e é gerido pelo IDBrasil, Organização Social de Cultura.
Sobre a CUFA
A CUFA (Central Única das Favelas) é uma organização brasileira reconhecida nacional e internacionalmente nos âmbitos político, social, esportivo e cultural que existe há 20 anos. Foi criada a partir da união entre jovens de várias favelas, principalmente negros, que buscavam espaços para expressarem suas atitudes, questionamentos ou simplesmente sua vontade de viver.
Dentre as ações que imprimem legitimidade ao trabalho desenvolvido pela CUFA durante esse período, estão: Taça Das Favelas, Festival de Lutas da CUFA (FLC), Semana Global da CUFA, Dia da Favela, Hutúz, LIIBRA, CineCufa, RPB Festival, Reis da Rua, BRADAN, Maria-Maria e Prêmio Anu.
Museu do Futebol
Praça Charles Miller, s/nº São Paulo, SP
Terça a domingo, 9h às 17h (visitação até as 18h)
R$ 15 | Meia entrada: R$ 7,50 | Entrada gratuita às terças-feiras
* Até 20/10, Clientes Itaú, incluindo um acompanhante, pagam meia-entrada. Basta apresentar o cartão na bilheteria. O desconto não é cumulativo com outros descontos ou benefícios e é sujeito a disponibilidade.
* Horários diferenciados de funcionamento em dias de jogos no Estádio do Pacaembu. Consulte o site museudofutebol.org.br.
* Estacionamento com Zona Azul (R$ 5 válido por 3h). Mais informações no site da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET cetsp.com.br
* Hotsite da exposição temporária CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol: contraataque.museudofutebol.org.br