Recortes de gêneros pouco conhecidos da pintura e seleção de obras inéditas ou pouco vistas de nomes como Edoardo de Martino e Johann Moritz Rugendas ganham novas interpretações ao serem reunidas em São Paulo
Abertura: 6 de outubro de 2018, sábado, às 11h00
Em cartaz: até 28 de janeiro de 2019
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, apresenta, de 6 de outubro de 2018 a 28 de janeiro de 2019, a exposição Coleções em Diálogo: Museu Histórico Nacional e Pinacoteca de São Paulo no 2º andar da Pina Luz. Com curadoria de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca e Paulo Knauss, diretor do Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro, RJ), a coletiva apresenta uma seleção de obras dos dois museus, incluindo telas em grande formato e em papel inéditas ou pouco vistas pelo público geral, como parte do programa desenvolvido pela Pinacoteca que propõe criar novas interpretações sobre as coleções das instituições ao contrapor obras de seus acervos.
A mostra é estruturada por quatro núcleos principais: Arte colonial, Pintura de história, Paisagens de guerra e Arte e patrimônio. Da coleção do Museu Histórico Nacional, instituição vinculada ao IBRAM, poderão ser vistas obras de Leandro Joaquim (1738-1798), Manoel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879) e João Baptista da Costa (1865-1926), entre outros. Destaca-se também obras de Johann Moritz Rugendas (1802-1858), um dos mais importantes artistas viajantes que estiveram no Brasil durante o século XIX. Deste último, além de um conjunto de desenhos, integra a mostra uma rara pintura, a tela Descobrimento da América (1820), bem como o passaporte que o artista utilizou para vir ao Brasil. Trata-se de uma curiosidade que nunca foi mostrada na capital paulista.
Segundo Knauss e Piccoli, outro conjunto importante do museu carioca, que completou 200 anos este ano, são as aquarelas de José dos Reis Carvalho (1800-1872), que foi aluno do pintor Jean-Baptiste Debret na Academia Imperial de Belas Artes (AIBA) do Rio, e que acompanhou uma expedição científica, organizada pelo instituto histórico e geográfico brasileiro, pelo Nordeste entre 1859 e 1861. “As vistas que vamos apresentar são do Ceará, que é uma região com pouca iconografia, ainda mais no século 19”, revela a curadora Valéria Piccoli.
Segundo o curador Paulo Knauss, figuram entre as peças pouco vistas pelo público um retrato colonial de Padre Antonio Vieira de autoria de Frei Agostinho de Jesus (1600-1661) “que pode ser considerada rara pela sua antiguidade e pelo fato de existirem poucas pinturas reconhecidamente atribuídas ao pintor”, ele conta. Piccoli destaca pinturas históricas importantes, como o estudo para a Coroação de D.Pedro II (década de 1840) de Araújo Porto-Alegre, artista representado com uma única obra na Pinacoteca produzida durante sua fase de aperfeiçoamento em Paris. Também consta um estudo de Passagem do Chaco (1870) de Pedro Américo (1843-1905), cuja tela final em grande formato pertence ao acervo do MHN.
Integra o conjunto inédito em São Paulo, além do passaporte de Rugendas, uma série de pinturas (que terá sala própria) do italiano Edoardo de Martino (1836-1912), que vem somar as três obras do artista da coleção da Pinacoteca. O artista, que foi pintor da Rainha Vitória e da corte inglesa, foi contratado para documentar as batalhas da Guerra do Paraguai (1864-70) e registrou com maestria as belas paisagens da região do Rio da Prata. “Muitas, como é o caso de Praia de Botafogo, da coleção da Pinacoteca, são iluminadas com luz de luar, o que é bem típico da produção dele”, comenta Piccoli. Para Knauss, a batalha naval é um gênero da pintura pouco conhecido pelo público paulista: “O Museu Histórico Nacional tem a maior coleção de telas do pintor no Brasil e a mostra na Pinacoteca será uma das raras vezes em que serão apresentadas em conjunto”.
Para ambos os curadores, o ineditismo da mostra concentra-se mais em identificar recortes de gêneros pouco conhecidos da pintura e na relação dos conjuntos apresentados do que nas peças individuais. Boa parte do conjunto dos dois acervos foi selecionado por sua associação direta, a exemplo das esculturas de Rodolpho Bernardelli (1852-1931), que o Museu Histórico Nacional detém exemplares de caráter cívico como a maquete do monumento ao General Osório, que hoje situa-se na Praça XV de Novembro, no centro do Rio e de Batista da Costa, cujas obras podem ser encontradas na coleção das duas instituições. Para finalizar, a última sala é dedicada à pintura como instrumento para documentação de patrimônio histórico, que arremata com um laço final os dois acervos, uma vez que a Pinacoteca possui em seu acervo diversas pinturas com esse perfil.
SOBRE O PROGRAMA COLEÇÕES EM DIÁLOGO
A apresentação de uma seleção de obras da coleção do Museu Histórico Nacional vem se somar à série de três exposições já realizadas pela Pinacoteca no programa “Coleções em diálogo”. Esse programa se baseia no princípio de confrontar o acervo da Pinacoteca com obras vindas de outras instituições, o que aumenta e renova as possibilidades de interpretação da própria coleção do museu, bem como permite refletir sobre o colecionismo institucional. Nesse sentido, foram realizadas mostras com os acervos do Museu Mariano Procópio (Juiz de Fora, MG), do Museu Paulista da USP e do Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto, Portugal).
ARTISTAS PARTICIPANTES
Frei Agostinho de Jesus Maria, Pedro Américo, Rodolfo Bernardelli, Johann Moritz Rugendas, Aurélio de Figueiredo, Arnaud Julien Pallière, Gustavo Dall´Ara, Leandro Joaquim, Edoardo de Martino, José dos Reis Carvalho, Manuel de Araújo Porto-Alegre, Paulo Vergueiro Lopes de Leão, João Batista da Costa, entre outros.
SERVIÇO
Coleções em Diálogo: Museu Histórico Nacional e Pinacoteca de São Paulo
Curadoria de Valéria Piccoli e Paulo Knauss
Abertura: 6 de outubro de 2018, sábado, às 11h00
Visitação: de 6 de outubro a 28 de janeiro de 2019
De quarta a segunda-feira, das 10h00 às 17h30 – com permanência até às 18h00
Pinacoteca: Praça da Luz 2, São Paulo, SP
Ingressos: R$ 6,00 (entrada); R$ 3,00 (meia-entrada para estudantes com carteirinha)
Menores de 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento.
Aos sábados, a entrada da Pina é gratuita para todos.
A Pina Estação é gratuita todos os dias.
Amigo da Pina tem acesso ilimitado além de desconto na loja e no café. Também pode participar de visitas guiadas e outros eventos com a equipe da Pinacoteca. Para saber mais sobre o programa, acesse: https://pinacoteca.org.br/apoie/amigos-da-pina/