Les Sylphides e Giselle – Ato II dividem o palco com os contemporâneos Só Tinha de Ser com Você e Agora em espetáculos presenciais e virtuais
A São Paulo Companhia de Dança (SPCD), corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança e dirigida por Inês Bogéa, dá início em junho a sua Temporada 2021, intitulada Tempo da Travessia, no Teatro Sérgio Cardoso, tradicional palco das temporadas anuais da SPCD na capital paulista. Ao longo de duas semanas, serão apresentadas quatro obras – duas delas inéditas –, em programas que revelam novos acentos para grandes balés clássicos de repertório e destacam a inventividade da dança contemporânea brasileira.
Entre os dias 17 e 20, o público poderá conferir a estreia de Les Sylphides (Chopiniana), com remontagem assinada por Ana Botafogo, além de Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovalho. Entre os dias 24 e 27, é a vez da estreia do clássico Giselle – Ato II, com remontagem de Lars Van Cauwenbergh, acompanhado de Agora, de Cassi Abranches. De acordo com as diretrizes governamentais de enfrentamento à Covid-19, os espetáculos terão duração aproximada de 1 hora, sem intervalo, e público presencial com ocupação de plateia limitada à capacidade máxima vigente, com todos os protocolos sanitários rigorosamente seguidos.
As oito apresentações também contarão com transmissão simultânea ao vivo e gratuita pelo canal da SPCD no YouTube e pela plataforma Cultura em Casa. Aos sábados e domingos, quem assistir ao streaming também poderá conferir os espetáculos com audiodescrição de Só Tinha de Ser com Você (19 e 20 de junho) e Giselle – Ato II (26 e 27). Aos que desejam mergulhar no universo dessas criações, haverá palestras de mediação sobre cada programa. Conduzidas por Inês Bogéa, elas reúnem artistas envolvidos nas obras e acontecem de forma virtual, nos dias 16 e 23, às 19h, também no canal da SPCD no YouTube e na plataforma Cultura em Casa. Nos dias 18 e 25, às 15h, serão realizados ainda dois espetáculos gratuitos voltados para estudantes e público da terceira idade.
A inspiração para a Temporada 2021 partiu do poema Tempo da Travessia, escrito por Fernando Teixeira de Andrade (1946-2008): “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. Para a diretora da SPCD, Inês Bogéa, essas palavras espelham o momento da Companhia diante do contexto atual. “No último ano, vivemos desafios que nos levaram a criar novas maneiras de permanecer ativos e compartilhar a arte a diferentes públicos. A Temporada 2021 reflete justamente esse movimento de resistência da dança”, explica ela.
Temporada 2021
O primeiro programa conta com o encontro de dois ícones do cenário nacional da dança: Ana Botafogo e Henrique Rodovalho. A primeira-bailarina do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro assina uma remontagem inédita de Les Sylphides (Chopiniana) para a Companhia. Coreografada originalmente em 1909 por Michel Fokine (1880-1942), a partir de composição de Frédéric Chopin (1810-1849), esta é uma obra que evoca a era romântica e marca a estreia de Ana no papel de remontadora.
A noite fecha com Só Tinha de Ser com Você, uma coreografia de Rodovalho estreada, em 2005, por sua companhia, a Quasar Cia de Dança, com músicas do álbum Elis & Tom (1978). Em 2020, ela ganhou uma versão para a SPCD com distâncias ampliadas entre os bailarinos e relações construídas a partir de gestos e olhares, dando início à atuação de Rodovalho como coreógrafo residente da São Paulo após as criações originais de Inquieto (2011) e Melhor Único Dia (2018).
A segunda semana leva para o palco do Teatro Sérgio Cardoso dois nomes cujas as trajetórias coreográficas estão intrinsecamente ligadas à SPCD: Lars Van Cauwenbergh e Cassi Abranches. Depois de assinar A Morte do Cisne, em 2019, para a São Paulo, Lars – que também é professor da Companhia – lança Giselle – Ato II, inspirada livremente no original de 1841 de Jules Perrot (1810-1892) e Jean Coralli (1779-1854). Apontada por estudiosos como o ápice do romantismo na dança clássica, Giselle vem recebendo inúmeras releituras ao longo dos séculos e agora chega ao repertório da São Paulo.
A Temporada de junho da SPCD se despede com a premiada Agora, de Cassi. Eleita como melhor coreografia de 2019 pelo júri do Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), a obra se soma a outras três criadas pela coreógrafa paulista para o repertório da Companhia, que inclui ainda Gen (2014), o segundo ato de Schumann ou Os Amores do Poeta (2018) e Respiro (2020).
Em setembro, a SPCD retorna ao Teatro Sérgio Cardoso para mais uma semana de muita dança com a estreia de Suíte de Paquita, em remontagem de Diego de Paula, e apresentação de Madrugada, de Antonio Gomes.
“A partir desses clássicos, podemos sentir a potência da presença feminina no palco, revelando as individualidades e, ao mesmo tempo, a força do coletivo. Eles evocam uma imagem de um mundo no qual vários sentimentos contrastantes estão presentes e onde a leveza remete também a nossa finitude. Já as danças contemporâneas desta temporada revelam linguagens específicas de cada um dos criadores e se conectam entre si a partir da capacidade de transmutação dos gestos singulares de cada um. Neste ‘Tempo da Travessia’, queremos o público ao nosso lado para juntos celebrarmos a vida e a arte”, explica Inês Bogéa, diretora artística da SPCD.
“É uma alegria poder reabrir o Teatro Sérgio Cardoso, em especial com a qualidade da São Paulo Companhia de Dança que, anualmente, realiza no espaço suas temporadas. Dessa vez, além do público presencial, que será recebido com todos os protocolos sanitários exigidos, teremos a transmissão online dos espetáculos de forma gratuita, ampliando o alcance da arte e da cultura através da difusão digital”, afirma Danielle Nigromonte, diretora-geral da Amigos da Arte, gestora do Teatro Sérgio Cardoso.
Os ingressos pra a Temporada da São Paulo Companhia de Dança poderão ser adquiridos a partir do dia 1º/6 pela plataforma sympla.com.br nos valores de R$ 70 (plateia/inteira) e R$ 45 (balcão/inteira).
Além da temporada presencial da SPCD no Teatro Sérgio Cardoso e das transmissões gratuitas no canal da Companhia no YouTube (youtube.com/AudiovisualSPCD) e na plataforma Cultura em Casa (www.culturaemcasa.com.br), o público vai poder conferir bastidores e detalhes das apresentações nos perfis da São Paulo no Facebook (@spciadedanca), Instagram (@saopaulociadedanca) e Twitter (@spciadedanca).
A Temporada 2021 da São Paulo Companhia de Dança é viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio de Itaú, apoio de CDF e realização da Associação Pró-Dança/São Paulo Companhia de Dança, Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e Secretaria Especial da Cultura (Ministério do Turismo, Governo Federal).
Serviço:
São Paulo Companhia de Dança | Temporada 2021 no Teatro Sérgio Cardoso
Endereço: R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo/SP
Online: www.youtube.com/AudiovisualSPCD e www.culturaemcasa.com.br
Programa 1
Repertório: Estreia de Les Sylphides (Chopiniana), remontagem de Ana Botafogo | Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovalho
Datas: 17 a 20 de junho
Horários*: quinta-feira, sexta-feira e sábado, às 20h | domingo, às 17h
Programa 2
Repertório: Estreia de Giselle – Ato II, remontagem de Lars Van Cauwenbergh | Agora, de Cassi Abranches
Datas: 24 a 27 de junho
Horários*: quinta-feira, sexta-feira e sábado, às 20h | domingo, às 17h
* Os horários estão sujeitos a alteração conforme atualizações do Plano São Paulo
Ficha técnica das obras (por ordem de apresentação):
Les Sylphides (Chopiniana) (2021) – ESTREIA
Remontagem: Ana Botafogo, a partir da obra de 1909 de Mikhail Fokine (1880-1942)
Música: Frédéric Chopin (1810-1849)
Iluminação: André Boll
Figurino: Tânia Agra
Cenografia: Fábio Namatame
Assistência de Remontagem: Teresa Augusta
Este clássico evoca a era romântica do balé para retratar o encantamento de um poeta sonhador pela dança das sílfides, seres mágicos que habitam as florestas. Sob o luar, elas materializam o ato poético em seus movimentos e desenham o palco com arabescos, resultando em uma obra de grande beleza contemplativa.
Só Tinha de Ser com Você (2020)
Coreografia e Iluminação: Henrique Rodovalho
Músicas: Faixas do álbum Elis & Tom, com composições de Aloísio de Oliveira (1914-1995), Antonio Carlos Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980)
Figurino: Cássio Brasil
Cenografia: Letycia Rossi
Assistência de Coreografia: Vivian Navega
A obra Só Tinha de Ser com Você é uma sensível e singular releitura coreográfica do álbum Elis & Tom (1974), clássico da música brasileira. Este grande sucesso do coreógrafo Henrique Rodovalho foi criado originalmente em 2005 para sua companhia, a Quasar Cia de Dança, e, agora, ganha uma versão especial pensada para os bailarinos da São Paulo Companhia de Dança. “Esta primeira remontagem de um espetáculo da Quasar Cia de Dança ‘só tinha de ser’ com a SPCD. É um belo encontro do estilo Quasar/Rodovalho de dançar com todo o aprimoramento técnico da São Paulo Companhia de Dança”, comenta Rodovalho.
Giselle – Ato II (2021) – ESTREIA
Remontagem: Lars Van Cauwenbergh, a partir da obra de 1841 de Jules Perrot (1810-1892) e Jean Coralli (1779-1854)
Música: Adolphe Adam (1803-1856)
Iluminação: Wagner Freire
Figurino: Marilda Fontes
Cenografia: Vera Hamburger
Assistência de Cenografia: Fernando Passetti
Execução de cenografia (boca de cena e túmulo): Jorge e Denis Produções Cenográficas
Tratamento de Imagens: MR Estúdio Digital
Iconografia: Telão: foto de Cássio Vasconcellos/Bridgeman Images
Pernas: composição com gravuras de Jean Baptiste Debret cedidas pela Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin; de Charles Othon Frederic Jean-Baptiste de Clarac e de Friedrich Philipp von Martius (a partir de Thomas Ender e de Benjamin Mary) – Coleção Martha e Erico Stickel – cedidas pelo Acervo Instituto Moreira Salles
Este marco do balé romântico acompanha o romance entre a aldeã Giselle e Albrecht, um nobre disfarçado de camponês. Após ser traída por ele, a jovem, que tem o coração frágil, morre. No segundo ato, o príncipe, tomado pelo remorso, visita o túmulo de Giselle, mas é atacado pelas Willis. Elas são espíritos de moças mortas antes do casamento devotados a fazer os homens que ali aparecem a dançarem até seu próprio fim. Giselle – agora também uma willi – busca a todo custo proteger seu amado. O tom de despedida domina a cena: Giselle está pronta para perdoar Albrecht e deixá-lo partir em paz.
Agora (2019)
Coreografia: Cassi Abranches
Trilha Sonora Original: Sebastian Piracés
Iluminação: Gabriel Pederneiras
Figurino: Janaína Castro
Agora explora a palavra tempo em seus possíveis significados: musical com dinâmicas e sonoridades; cronológico com lembranças e expectativas; temperatura com diferentes graus e intensidades. A coreógrafa esculpe os movimentos no corpo de cada bailarino a partir dos ritmos musicais da trilha composta por Sebastian Piracés, que utiliza bateria e elementos de percussão afro-brasileiros, misturados ao rock contemporâneo e ao canto. A obra recebeu o Prêmio APCA de melhor coreografia de 2019.